Personagem autista é capa da edição de julho da Turma da Monica
O personagem André é capa da edição de julho da Turma da Monica. A revista, traz a comemoração de 60 do Estúdios Maurício de Sousa e conta com a participação do garoto, que está no espectro autista.
22/07/2019
Criado em 2003 pelo desenhistas Maurício de Sousa, o personagem até então fazia parte de materiais institucionais de conscientização do autismo nas histórias da turma. Em 2019, o desenhista fez uma parceria com a Revista Autismo para criação de mais tirinhas com participação do menino.
“A participação cada vez maior do André nas histórias da Turminha é importante para mostrar para a criançada de um jeito lúdico como todos ganham ao conviver com as diferenças. Além disso, temos muito fãs dentro do Transtorno do Espectro do Autismo e queremos que eles se sintam representados”, comenta Mauricio de Sousa. ”
Sobre a história
A história se passa durante as comemorações dos 60 anos dos Estúdios Mauricio de Sousa, que recebe a visita de André. Depois de descobrir uma passagem secreta, ele se aventura pelo mundo da turminha mais amada do Brasil e, durante seu passeio, repete frases ou palavras que ouve de outras pessoas ou mesmo da TV. Esse é um dos sintomas, conhecido como ecolalia, do autismo ou Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
“O André nas bancas não só mostra uma inclusão efetiva do personagem autista nas histórias em quadrinhos, como também provoca um processo de conscientização mais natural sobre autismo — diferente das importantes cartilhas e materiais mais didáticos — e voltado ao público em geral, não só aos já interessados no assunto, contribuindo com o diagnóstico e tratamento precoces”, afirma Francisco Paiva Jr., editor da Revista Autismo.
André
A primeira aparição de André foi no gibi ‘Um amiguinho diferente’. Criado em parceria com a Associação dos Amigos dos Autistas (AMA), a história introduzia o personagem depois que Magali inclui na turma sua nova amiga Lucila, que conta a todos que o irmão é autista.
Segundo Maurício de Sousa, a criação de personagens como esse exige cuidados. “Temos todo cuidado quando resolvemos abordar temas mais complexos. Procuramos sempre pesquisar e procurar técnicos no assunto para não passarmos informações erradas. Por isso a recepção das crianças e educadores é sempre positiva”, explicou em entrevista ao Portal Singularidades.
Inclusão
Além de André, outros personagens com deficiências ou limitações integram a história sobre inclusão.
Para Maurício, a escolha de inserir esses personagens nos gibis vem da necessidade de ensinar crianças a entender e lidar melhor com as diferenças. “A turma da Mônica é um grupo de personagens que vivem e agem como crianças normais. Como nossos filhos ou conhecidos. E todos nós temos amigos com algum tipo de deficiência. Num convívio harmônico e dinâmico. Aprendemos as regras da inclusão aí.
“Consequentemente não poderíamos deixar de apresentar, no universo dos nossos personagens, amiguinhos da turma que também tivessem necessidades especiais. Até acho que demorei muito para perceber esse vazio nas nossas histórias”, conclui.
Fonte: Portal Singularidades