O que levar em conta na hora de escolher a escola para o seu filho com deficiência.
Além da estrutura física da escola, pais devem ficar atentos ao acolhimento da criança.
29/08/2019
Com a chegada do segundo semestre muitos pais começam a refletir sobre o futuro educacional dos filhos para o próximo ano letivo: vou deixá-lo na mesma escola ou será que está na hora de procurar uma nova instituição? A escolha, por si só já não é tarefa fácil, afinal, é preciso levar em conta uma série de fatores, ainda mais quando se trata de uma criança com necessidades diferenciadas de aprendizagem e que, por isso, precisa de uma atenção particular. Se esse é o seu caso, o Sempre Família conversou com alguns especialistas e preparou uma lista com dicas que vão te ajudar nessa busca.
A primeira coisa que você precisa saber é que o acesso de pessoas com deficiência ao ensino regular é um direito constitucional assegurado por lei, que vale desde a educação infantil até o ensino superior. Portanto, nenhuma escola poderia negar a matrícula do seu filho – o que nem sempre acontece. “A Lei 13.146 de 2015, conhecida como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, garante o sistema educacional inclusivo”, atenta Renata Farah, advogada , especializada em Direito Médico. Para possibilitar a inclusão, segundo ela, todas as escolas públicas e particulares devem oferecer um profissional de apoio para acompanhar a criança em suas atividades, alimentação e higiene pessoal, com o objetivo de fornecer a ela condições de igualdade perante as outras crianças.
A advogada também explica que essa inclusão tem que ser resultado de um trabalho conjunto entre pais, professores e equipe médica, e que a escola tem que permitir a orientação por parte dos terapeutas da criança. “Se o direito não for garantido, os pais podem buscar na justiça a inclusão escolar do filho para receber um profissional de apoio que possa fornecer todos os meios de acesso à educação e convívio social, desenvolvendo, ao máximo, as suas habilidades”, diz.
Já a pedagoga especialista em Educação Especial e Inclusiva, Grazielle Tavares, do Centro de Excelência em Recuperação Neurológica (CERNE), lembra que há uma grande diferença entre o aluno estar apenas inserido na escola e ser efetivamente acolhido. Por isso, defende que além do espaço físico adequado, os pais também prestem atenção em outros aspectos antes de efetivar a matrícula da criança na nova instituição. Confira:
1. Localização
Uma das primeiras coisas que os pais têm que levar em conta é a localização da nova escola. Procure locais próximos à sua casa ou que fiquem no caminho para o seu trabalho, por exemplo. Nesses casos, é preciso ser prático. Lembre-se que além de ir à escola, uma criança com necessidades especiais tem uma rotina de exames, terapias e consultas. Precisa ser um lugar de fácil acesso e que agilize o seu deslocamento.
2. Estrutura
Quando entrar na escola, é preciso ter um olhar muito atento. Verifique se há rampas de acesso, se os banheiros são adaptados e se não há muitos estímulos visuais que possam distrair o seu filho, como cartazes demais nas paredes ou salas muitos coloridas. Para algumas crianças com desenvolvimento atípico esse tipo de ambiente dificulta a concentração.
Caso o ano letivo já tenha começado, peça para ver, também, os trabalhos que as crianças com necessidades especiais desenvolveram em sala de aula. Repare se houve criatividade por parte delas ou se houve apenas a “mão do adulto” no desenho ou na pintura. Isso vai mostrar se os profissionais estão sabendo lidar com as limitações da criança.
3. Interesse
É preciso ficar atento e perceber se a escola tem interesse em receber o seu filho. As que não estão preparadas geralmente já falam “logo de cara” que não vão conseguir atendê-lo. Por mais conhecida que a escola seja, se ela não tiver interesse, não é bom insistir porque os prejuízos serão maiores.
4. Termômetro
Levar a criança para conhecer a escola pode ajudar na decisão. Elas são muito perceptivas e vão mostrar na hora se o ambiente é favorável para elas ou não. O ideal, no entanto, é que os pais façam a primeira visita sozinhos e só levem a criança em uma segunda visita, caso já tenham gostado do lugar.
5. Converse com outros pais
A troca de informações com os pais de outras crianças com algum tipo de deficiência que já estudem na escola também pode ajudar na decisão. Mas, é preciso entender uma coisa: a experiência positiva de alguém não pode garantir que a sua também será e vice-versa. Por isso, use as informações que receber como parâmetro, mas leve em conta, principalmente, a sua percepção sobre o ambiente e a reação do seu filho.
Fonte: Sempre Família.