Contas de Carlos Bolsonaro em redes sociais não foram excluídas por ordem de Gilmar Mendes
Plataformas e STF negam ação e, portanto, Carlos não foi alvo de ?censura ideológica?
13/11/2019
Não é verdade que o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC) tenha sido expulso das redes sociais por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Depois que os perfis do filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) desapareceram das redes sociais na manhã desta terça-feira, 12, diversas publicações passaram a sugerir que ele havia sido alvo de retaliação por uma campanha no Twitter contra o magistrado, com a hashtag #ImpeachmentGilmarMendes. Porém, tanto as plataformas de mídia social como o Supremo negam o boato.
O STF informou que não há, em seu sistema de acompanhamento processual, “ação que trate desse tema ou decisão nesse sentido”. O Twitter confirmou, em nota, que não tomou nenhuma medida em relação à conta de Carlos Bolsonaro. O Facebook (também responsável pelo Instagram) comunicou que não se pronunciaria publicamente, mas o UOL Confere, um dos parceiros do Comprova, apurou que as contas de Carlos nessas redes não foram suspensas. As agências de fact checking Lupa e Aos Fatos também confirmaram a informação.
Essa investigação analisou um artigo do site Jornal da Cidade Online que sugere que Carlos foi alvo de “censura ideológica”. O texto trata o caso como uma ameaça à democracia e afirma que é preciso realizar manifestações em apoio ao presidente, “ou vão derrubar o governo eleito pela maioria dos brasileiros”.
Também checamos uma imagem compartilhada por diversos perfis pessoais no Facebook que responsabiliza Gilmar pelo desaparecimento das contas do filho de Bolsonaro das redes sociais.
Para o Comprova, falso é o conteúdo divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.
Como verificamos
O Comprova entrou em contato com o STF, o Twitter, o Facebook e Carlos Bolsonaro. Também consultamos outras checagens e reportagens publicadas sobre o assunto.
O que aconteceu com as contas de Carlos?
Na manhã de terça-feira, 12, não era possível acessar as contas de Carlos Bolsonaro no Twitter, Facebook e Instagram. Até a noite anterior, os perfis do vereador ainda estavam no ar — Carlos era muito presente nas redes sociais, sendo apontado como um dos principais estrategistas do pai nesse campo. Carlos já admitiu ter acesso à conta do presidente no Twitter.
O gabinete do vereador comunicou ao Comprova que não se pronunciaria sobre esse assunto. No entanto, fontes próximas a Carlos informaram aos jornais Folha de S. Paulo e O Globo que o próprio filho do presidente apagou seus perfis e que pretende ficar afastado das redes sociais por um tempo.
O Twitter negou que tenha tomado qualquer medida em relação à conta de Carlos. Ao tentar acessar o perfil @CarlosBolsonaro, é possível ver a mensagem “essa conta não existe”. Em perfis retirados do ar pela plataforma, o aviso mostrado é diferente: “Conta suspensa. O Twitter suspende as contas que violam as Regras do Twitter”. Veja este exemplo do perfil @isentoes.
O STF tem alguma relação com isso?
A assessoria de imprensa do Supremo negou que o ministro Gilmar Mendes tenha relação com o desaparecimento das contas de Carlos Bolsonaro. Segundo o STF, não há no sistema de acompanhamento processual “ação que trate desse tema, ou decisão nesse sentido”.
De fato, não há processos relacionados a esse assunto na consulta pública no site do STF.
Repercussão nas redes
O Comprova verifica conteúdos duvidosos sobre políticas públicas do governo federal que tenham grande potencial de viralização.
O artigo do site Jornal da Cidade Online somava mais de 75 mil interações no Facebook e Twitter desde o dia 12 de novembro, de acordo com a ferramenta CrowdTangle. Diversos perfis pessoais também compartilharam a acusação falsa contra Gilmar Mendes no Facebook.
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Investigação e verificação
Estadão, Poder 360 e UOL participaram desta investigação e a sua verificação, pelo processo de crosscheck, foi realizada pelos veículos Folha, Correio e SBT.
Projeto Comprova
Esta reportagem foi elaborada por jornalistas do Projeto Comprova, grupo formado por 24 veículos de imprensa brasileiros, para combater a desinformação. Em 2018, o Comprova monitorou e desmentiu boatos e rumores relacionados à eleição presidencial. A edição deste ano está dedicado a combater a desinformação sobre políticas públicas. O SBT faz parte dessa aliança.
Desconfiou da informação recebida? Envie sua denúncia, dúvida ou boato pelo WhatsApp 11 97795 0022.