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ENGANOSO: É enganoso e fora de contexto o vídeo que Lula chama colaborador da Petrobras de corrupto

Confira a verificação realizada pelos jornalistas integrantes do Projeto Comprova

Projeto Comprova/Divulgação
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ENGANOSO: São enganosas as publicações no TikTok em que Lula aparece em uma reunião chamando um colaborador da Petrobras de corrupto. O Comprova apurou que, nesta ocasião, os comentários sobre o sindicalista fazem referência, segundo o ex-presidente, a uma narrativa mentirosa de seus opositores que classificavam o colaborador como petista e corrupto.

Conteúdo investigadoVídeos no TikTok mostram Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT), dizendo que um sindicalista teve uma derrota no conselho da Petrobras por ser petista, sindicalista e corrupto.

Onde foi publicado: TikTok

Conclusão do Comprova: São enganosas as postagens que mostram o ex-presidente Lula falando que um trabalhador teve uma derrota na Petrobras por ser petista, sindicalista e corrupto. As imagens originais mostram que o político realmente falou isso, mas as falas estavam inseridas em contexto mais amplo. Segundo o ex-presidente, seus adversários políticos espalharam uma narrativa mentirosa sobre a Petrobras, associando os petistas à corrupção.

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Os vídeos das publicações recortam a cena e mostram apenas Lula, quando as imagens originais indicam a presença de mais pessoas. As falas do ex-presidente ocorreram em março de 2022 durante encontro com coordenadores da Federação Única dos Petroleiros.

| Foto: Reprodução/Internet ? Imagens mostram vídeos do TikTok (esq.) e original

O Comprova considera enganoso o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. Até o dia 10 de maio, a publicação verificada tinha mais de 525 mil visualizações, 1.947 comentários e 56.600 curtidas. Outro post alcançou mais de 268 mil visualizações, 1.163 comentários e 17.500 curtidas. Ambos foram compartilhados no TikTok.

O que diz o autor da publicação: O Comprova entrou em contato com os autores das publicações, mas nenhum deles respondeu até a publicação desta verificação.

Como verificamos: Nos vídeos do TikTok, é possível enxergar uma bandeira vermelha com inscrições da Federação Única dos Petroleiros (FUP). Através de buscas na internet, o Comprova descobriu que a última reunião com o ex-presidente Lula na FUP ocorreu no dia 29 de março de 2022, em debate sobre preços dos combustíveis com especialistas e representantes de organizações sindicais.

Há notícias sobre o encontro no site da FUP. A deputada federal Gleisi Hoffmann, que aparece ao lado de Lula no vídeo, também estava presente na reunião de março. A reunião e algumas das falas do ex-presidente foram noticiadas por jornais, como o O Globo e Metrópoles.

vídeo original do encontro está disponível no canal da TVT, emissora educativa outorgada à Fundação Sociedade Comunicação Cultura e Trabalho. Lula começa a discursar em 1:28:58. Com a imagem original, mais ampla, é possível ver outras pessoas na mesa enquanto o político fala. Além de Gleisi, há sindicalistas, petroleiros e políticos, como o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) e o vereador Lindbergh Farias (PT).

O Comprova entrou em contato com a assessoria de imprensa do ex-presidente Lula, mas ela não respondeu até a publicação desta checagem.

Contexto do vídeo

O momento citado pelas postagens ocorre no tempo 1:33:15 no vídeo da TVT. Lula diz: "Esse moço aqui teve uma derrota enorme no conselho da Petrobras porque era petista, porque era sindicalista, porque era corrupto". A fala é direcionada a Deyvid Souza Bacelar da Silva, coordenador da FUP e ex-conselheiro da Petrobras.

Os comentários estão inseridos em um contexto mais amplo. Segundos antes de se dirigir ao funcionário em questão, no momento 1:32:30 da gravação, o petista argumentou que há um duelo de narrativas sobre o petróleo brasileiro e os profissionais envolvidos na exploração do recurso.

"É preciso que a gente encontre uma narrativa. Eu estava vendo o discurso dos companheiros aqui. Nós precisamos, Gleisi, com a nossa assessoria, pegar esse discurso e construir uma narrativa. Porque a primeira coisa que eles fizeram para destruir a Petrobras foi contar todas as mentiras, que eles contaram a ponto dos trabalhadores da Petrobras, que têm orgulho dessa camisa laranja, muitas vezes não conseguirem entrar num restaurante porque eram chamados de ladrões. Esse moço aqui teve uma derrota enorme no conselho da Petrobras porque era petista, porque era sindicalista, porque era corrupto. Eles conseguiram construir na sociedade brasileira a ideia de que foi o roubo da Petrobras que permitiu a Petrobras ter prejuízo", diz Lula.

Deyvid Bacelar

Os comentários do político são dirigidos a Deyvid Souza Bacelar da Silva. O homem atua como técnico de segurança e integra o quadro de funcionários da Petrobras desde 2006. Em fevereiro de 2015, foi eleito representante dos empregados no Conselho de Administração da empresa.

No dia 5 de abril de 2021, a estatal, através da Gerência Geral da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), aplicou punição disciplinar ao sindicalista, que ficou suspenso por 29 dias. Segundo a FUP, a justificativa dada pela estatal petrolífera foi a de que o trabalhador se envolveu e participou de uma greve na refinaria, o que fere o exercício legal do mandato sindical de Bacelar.

Para o Comprova, a Petrobras confirmou que Bacelar continua na empresa, no cargo de Técnico de Segurança, e encontra-se liberado de suas atividades para atuação direta nas entidades sindicais desde 2012. Sobre a punição disciplinar, a estatal não fez comentários.

Em nota, a federação afirma que o homem defendia direitos da categoria e estava "fazendo o enfrentamento necessário" para evitar privatizações no sistema da Petrobras. Após o episódio, Bacelar recebeu o apoio de diversas instituições sindicais e políticas, incluindo o PT.

Em relação a possíveis crimes de corrupção, o Comprova não encontrou nenhum processo envolvendo o nome de Deyvid Souza Bacelar da Silva. O sindicalista foi procurado, através das redes sociais, para esclarecer questões sobre sua atuação na Petrobras e ações criminais, mas não respondeu até a publicação desta checagem.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizaram nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais.

O vídeo alvo desta verificação cita o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à Presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Além disso, as informações do vídeo fazem referência à empresa estatal Petrobras.

Conteúdos enganosos e que não mencionam o contexto completo das falas podem induzir a interpretações equivocadas da realidade e influenciar eleitores no momento da votação, o que é prejudicial ao processo democrático.

Outras checagens sobre o tema: Em verificações anteriores, o Comprova mostrou que pagamento de indenização à Justiça dos EUA não influenciou no preço da gasolina; que pessoas gritavam a favor de Lula, e não contra ele em vídeo na Sapucaí e que vídeos de manifestação contra Lula em Passo Fundo são de 2018.

Investigação e verificação

Metrópoles, Portal Norte de Notícias participaram desta investigação e a sua verificação, pelo processo de crosscheck, foi realizada pelos veículos Poder 360, A Gazeta, Band News FM, Imirante.com, Correio de Carajás, Estadão, SBT e SBT News.

Projeto Comprova

Esta reportagem foi elaborada por jornalistas do Projeto Comprova, grupo formado por 40 veículos de imprensa brasileiros, para combater a desinformação. Iniciado em 2018, o Comprova monitorou e desmentiu boatos e rumores relacionados à eleição presidencial. Agora, na quinta fase, o Comprova segue verificando conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal e eleições, além de continuar investigando boatos sobre a pandemia de covid-19. O SBT e SBT News fazem parte dessa aliança.

Desconfiou da informação recebida? Envie sua denúncia, dúvida ou boato pelo WhatsApp 11 97045 4984.

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