Pesquisa inédita faz um retrato do autismo no Brasil
Estudo aponta risco genético no desenvolvimento do Transtorno de Espectro Autista (TEA)
03/11/2023
Uma pesquisa da Genial Care, uma rede de saúde especializada em cuidados de crianças com autismo, revela que ainda há um longo caminho a percorrer para entender melhor o Transtorno de Espectro Autista (TEA), uma condição que altera o comportamento, desenvolvimento e dificulta o relacionamento com o mundo exterior.
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Um dado que chama a atenção é o diagnóstico tardio. Isso porque, de cada quatro autistas, pelo menos um cuida de filhos ou outros parentes na mesma situação.
É o caso da estudante Keren Howthorne, que teve os filhos Isaque e Manuella, ambos com Transtorno de Espectro Autista. Foi nas consultas com as crianças que ela descobriu ser autista. Ela lembra de ter agido na infância da mesma forma que os filhos, como a demora em começar a falar e a se concentrar mais em brinquedos do que na convivência com os adultos.
Exemplos como o de Keren levaram os pesquisadores a apontar possíveis causas hereditárias. "A gente, hoje, sabe que não existe um gene específico que causa o autismo, mas tem uma combinação genética que favorece esse risco aumentado para desenvolvimento do transtorno", disse a diretora clínica Thalita Possmoser.
A pesquisa ouviu duas mil pessoas e mapeou que 64% delas afirmaram só ter conhecido o autismo depois de algum caso na família. As três principais preocupações dos pais ou cuidadores são a insegurança quando pensam no futuro dos filhos (79%), dificuldades financeiras para arcar com os custos do tratamento (73%), além de falta de tempo para descanso ou para cuidar de si (68%).
O mapeamento é considerado importante para orientar políticas públicas de tratamento e de inclusão, uma das preocupações de Keren. "A sociedade não está preparada para essa inclusão", afirma. "A gente vê muito olhar de julgamento quando as crianças tem crises na rua. Principalmente as crianças, porque nós, adultos, conseguimos segurar um pouquinho."