F1 25: A fórmula definitiva entre realismo, drama e entretenimento

A franquia F1, desenvolvida pela Codemasters e publicada pela EA Sports, ocupa um lugar privilegiado no coração dos fãs de automobilismo. Ao longo dos anos, títulos como F1 2020 e F1 2021 conseguiram trazer inovações técnicas e imersão, especialmente com o debut de Breaking Point - o modo história cinematográfico que deu nova cara à série. No entanto, a edição de 2024 dividiu opiniões ao errar a mão no modelo de física e trazer poucas evoluções substanciais, deixando muitos jogadores desconfiados sobre os rumos da franquia.

Com F1 25, a Codemasters tenta não apenas recuperar o prestígio técnico da franquia, mas também avançar em narrativa, conectividade e fidelidade visual. O jogo busca consolidar um novo padrão de qualidade que mistura simulação esportiva, storytelling emocional e integração transmídia, algo que poucos jogos de esporte conseguiram alcançar até hoje (quem aí não lembra de Alex Hunter no FIFA?).

Breaking Point 3: Drama, narrativa e escolhas com impacto real

O maior trunfo de F1 25 é, sem dúvidas, a terceira e mais ousada fase de Breaking Point. A saga da fictícia equipe Konnersport retorna com 15 capítulos que misturam rivalidades, pressões internas e desafios típicos do paddock, tudo roteirizado com um toque quase "novelístico", no bom sentido.

O diferencial este ano é o nível de interatividade. Agora o jogador assume decisões gerenciais ao longo da narrativa, algo que lembra jogos de simulação com árvores de diálogo e escolhas com impacto real no desempenho da equipe. E pela primeira vez, é possível escolher entre diferentes pilotos em certas corridas, o que adiciona replayability e até desfechos alternativos.

Devon Butler, eterno antagonista carismático, continua a dominar a cena, enquanto Aiden Jackson e Callie Mayer demonstram evolução tanto na pista quanto fora dela. A qualidade da dublagem, das animações e da construção emocional faz com que cada capítulo seja mais do que uma corrida, é um episódio de uma série esportiva que poderia estar passando na televisão.

F1 The Movie: O poder do transmídia levado ao limite

Uma das grandes surpresas de F1 25 é o modo F1 The Movie, feito para integrar diretamente com o filme protagonizado por Brad Pitt, com estreia prevista para os próximos meses. E a integração vai além do marketing: o jogador assiste a cenas do filme e assume o controle durante momentos-chave da trama, vivendo a ação em tempo real.

A equipe fictícia APXGP e o personagem de Pitt não são apenas adereços. Eles estão jogáveis tanto no Modo Carreira quanto em My Team, e a narrativa do filme influencia diretamente os eventos do jogo. É uma ousada aposta de transmídia, e funciona. Poucos títulos esportivos conseguiram sincronizar cinema e gameplay com tamanha fluidez.

My Team 2.0: Gestão mais humana, simulação mais real

O querido modo Minha Equipe retorna com o selo "2.0" e uma proposta mais realista: o jogador atua como chefe de escuderia, mas não pilota mais por ela, delegando o volante a pilotos contratados. Essa mudança pode dividir opiniões, mas aproxima o modo da realidade da Fórmula 1, onde gerência e performance são papéis distintos.

A interação com equipe via e-mails, a divisão mais clara entre pesquisa, desenvolvimento e relações públicas e a progressão visual da infraestrutura criam um ambiente envolvente. É gratificante ver sua equipe crescer, conquistar patrocinadores e, eventualmente, disputar posições com gigantes como Mercedes ou Red Bull.

Carreira e F1 World: Solidez e acessibilidade continuam sendo pilares

Os modos Carreira e F1 World não apresentam mudanças drásticas, mas continuam sólidos. No Carreira, destaca-se o sistema de rivais, que adiciona tensão nas disputas e recompensa com desbloqueios exclusivos. É possível correr com lendas como Ayrton Senna, Felipe Massa e outros ícones, além de importar personagens de Breaking Point ou F1 The Movie.

Já o F1 World aposta em progressão simplificada, com corridas rápidas e uma abordagem mais casual. Você monta seu avatar, personaliza seu carro (ainda com limitações) e desbloqueia peças por meio de eventos. Ele serve bem como porta de entrada para novos jogadores e continua sendo um modo versátil.

Técnica e Visual: Um espetáculo audiovisual à altura das pistas

F1 25 marca o abandono total do suporte para consoles da geração passada, e o impacto visual é evidente. Circuitos como Spa, Suzuka e Interlagos impressionam pela fidelidade, graças ao uso de LIDAR, que replica com precisão milimétrica os traçados reais.

Jogando em um PC com placa RTX moderna, o path tracing aplicado à iluminação oferece cenários quase indistinguíveis de uma transmissão televisiva. Detalhes como reflexos, partículas de sujeira e mudanças climáticas são mais do que estéticos ? influenciam a forma como você pilota.

Além disso, pela primeira vez, alguns circuitos podem ser jogados no sentido inverso (como Silverstone e Red Bull Ring), o que oferece novas estratégias e redescobertas de pistas clássicas.

Jogabilidade: O eterno desafio entre acessibilidade e simulação

A física dos carros está mais "pesada", exigindo frenagens mais precisas e domínio técnico, algo bem-vindo para fãs hardcore. No entanto, jogadores de controle sentirão uma queda significativa na responsividade, principalmente ao tentar corrigir saídas de traseira em curvas rápidas. Assistências ligadas paradoxalmente pioram esse problema, criando um dilema técnico que ainda precisa de refinamento via atualizações.

Por outro lado, quem joga com volante encontrará uma experiência mais fluida, com feedback aprimorado e melhor leitura de terreno, especialmente nas zebras mais altas ou em condições de chuva.

Recursos extras e valor social: Local multiplayer e nostalgia

Um ponto muitas vezes ignorado em outros reviews, mas que merece destaque: F1 25 ainda permite jogo em tela dividida e LAN. Em tempos de foco total no online, essa opção resgata a essência dos jogos de corrida no sofá, permitindo corridas entre amigos da forma mais clássica e divertida possível.

Essa decisão, embora simples, mostra o cuidado da Codemasters em manter vivas formas de interação que vão além do competitivo ranqueado.

F1 25 é mais do que uma atualização, é uma celebração da Fórmula 1 moderna

Ignorando os tropeços de F1 24, a nova edição entrega exatamente o que se espera de uma franquia anual que não quer apenas sobreviver, mas inovar. A integração com o cinema, a continuidade de uma narrativa envolvente e o refinamento técnico fazem de F1 25 um dos jogos mais completos da série.

Sim, ainda há espaço para ajustes na jogabilidade com controle e para evoluções maiores em F1 World. E sim, a discussão sobre transformar a franquia em um serviço vivo com passes sazonais segue pertinente. Mas, no que se propõe, F1 25 é o melhor retrato da Fórmula 1 contemporânea: um esporte de elite, cada vez mais global e cada vez mais integrado com o entretenimento.