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Jogadores do Figueirense recebem apoio da torcida após W.O. pela Série B

Um grupo de fãs esteve no aeroporto nesta quarta-feira e se sensibilizou com atitude dos jogadores, que divulgaram nota sobre o caso; diretoria se esquiva

Imagem do estádio Orlando Scarpelli, do Figueirense

21/08/2019

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Após decidir não entrar em campo diante do Cuabá, pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B e perder por W.O., o elenco profissional do Figueirense recebeu o carinho da torcida no retorno ao Orlando Scarpelli, nesta quarta-feira (21). Um grupo de fãs do clube esteve no desembarque do elenco em Florianópolis e se mostrou sensibilizado com a iniciativa dos jogadores, que vêm sofrendo com atraso nos salários desde 2017, segundo alguns atletas.

Na tentativa de contornar a situação, um acordo chegou a ser proposto pelo time, que esperou um posicionamento da diretoria até minutos antes de entrar em campo na Arena Pantanal. Sem sucesso, o impasse segue. O próximo compromisso pelo Brasileirão será no próximo sábado, em casa, diante do CRB de Alagoas. Caso não haja uma definição, a tendência é que a paralização continue.

A dietoria emitiu uma nota oficial no site do clube e em nenhum momento esclareceu qual posição irá tomar, tampouco quando os débitos serão quitados.

"O Figueirense Futebol Clube comunica que a decisão de promover o W.O. na partida da Série B do Campeonato Brasileiro desta terça-feira, 20 de agosto, contra o Cuiabá, em Mato Grosso, é exclusiva dos jogadores profissionais relacionados para o confronto. 

Vale ressaltar que a comissão técnica se apresentou normalmente para a disputa e o setor de logística do Alvinegro promoveu todos os procedimentos prévios para entrada em campo dos atletas."

Pelo lado dos atletas, a réplica escancarou o mal-estar e mostrou que a falta de pagamento não atinge somente os jogadores do time profissional.

"Os atrasos vem ocorrendo desde 2017. Há atletas remanescentes do elenco de 2017 e 2018 que ainda não receberam seus acertos trabalhistas dos contratos anteriores. Há casos de até 7 meses de atrasos.. Mesmo assim, confiando na atual gestão do clube, foram feitos parcelamentos dos débitos anteriores, que deveriam serem pagos em 2019, e, infelizmente, também não estão sendo pagos. 

Já neste ano de 2019, os atrasos são reiterados. Já houve paralisação dos atletas em Julho, e apenas com promessas, voltamos a treinar e a jogar. Infelizmente os atrasos permanecem. São 3 meses de atrasos no pagamento dos Direitos de Imagem, que representam 40% da remuneração bruta de cada atleta, representando quase 65% da remuneração líquida. Há ainda falta do pagamento do Salário de Julho, e, ainda, há casos de mais de 7 meses sem depósitos do FGTS.

Os atrasos não atingem somente os atletas profissionais, mas toda categoria de base e demais funcionários do clube. Alguns funcionários recebem apenas um salário mínimo, e mais do que ninguém, precisam desses valores.

Na última semana, na tentativa de resolver amigavelmente a situação, sem conseguir diálogo com a Presidência, notificamos o clube, informando que era nosso direito receber os valores em atraso e, caso não houvesse quitação, não entraríamos em campo.

Nossa paralisação estava respaldada pelo artigo 32 da Lei 9.615/98 (Lei Pelé), permite a paralisação quando houverem atraso por 2 ou mais meses no pagamento dos Salários, Direito de Imagem ou até mesmo dos depósitos do FGTS.

Havíamos decidido não viajar para Cuiabá se a questão não fosse resolvida até segunda feira. É importante deixar claro que desde a semana passada até hoje, ninguém da Diretoria Executiva nos procurou, nem para nós pagar, nem pra ao menos conversar. Houve apenas um contato do Conselho Deliberativo do clube, nos concedendo seu apoio. 

Mesmo assim, acreditando que haveria ao menos um diálogo, decidimos viajar pra Cuiabá e aguardar que alguém do clube pudesse ao menos nos procurar para conversarmos. Ninguém, mesmo assim, nos procurou.

Demos prazo para que o clube efetuasse o pagamento de ao menos um salário de todos trabalhadores do clube, e não apenas aos atletas. Esse prazo se esgotou as 17hs de ontem.

Somente por volta das 20:30 é que foi aberto diálogo entre nosso advogado e o juridico do clube. A pedido deles, fomos para o Estádio aguardando que alguém da Diretoria nos procurasse. Ninguém nos procurou.

Mesmo assim, fomos para o Estádio e fizemos uma nova proposta. Aceitaríamos que o clube pagasse todos os valores até dia 28/08, desde que o Presidente assinasse documento se comprometendo oficialmente a pagar os valores e, se não pagasse até esta data, ele renunciaria.

A Diretoria Executiva foi taxativa ao mencionar que não assinariam tal documento. O clube não se comprometeu com nada. Nenhuma das nossas exigências foram cumpridas. E estas eram as mais simples possível.

É importante que se diga para que todos saibam, que em Abril deste ano o clube fez requerimento junto ao TRT12 (Justiça do Trabalho de SC), para que todas as penhoras do clube fossem suspensas. Inclusive valores que já estava bloqueados foram desbloqueados.. Assim, o clube vem recebendo as cotas de televisão que são pagas pela CBF sem que existam bloqueios das cotas. Os valores, pelo que nós informamos, é de aproximadamente R$500.000,00, valor suficiente para pagar os salários dos funcionários e atletas em todos os meses.

É muito importante dizer também que o clube não gasta com despesas de deslocamento nas partidas da Série B. Todos os valores com passagens aéreas e hotel são custeadas pela CBF. O clube possui ainda inúmeras outras fontes de receitas. Porque não nos pagar? Porque não pagarem os funcionários?

Nós temos muito carinho pela torcida, que sempre nos apoiou, e esperamos que nos apoie também nessa hora. Nós somos trabalhadores como vocês. Nós temos contas pra pagar, pensão alimentícia para pagar, aluguel, condomínio, água e luz, comida para colocar na mesa de nossas famílias. Todos nós tivemos que alugar imóvel pra residir em Florianópolis. Como pagar o aluguel? Como pagar o Condomínio? Ninguém ficaria três meses sem receber e não reclamaria seus direitos. E é apenas isso que estamos fazendo. Apenas queremos receber por aquilo que trabalhamos.  
Por fim, agradecemos o apoio de todos atletas, ex atletas, repórteres, jornalistas, torcedores, que vem nos apoiando.

A questão de Atraso salarial é um tabu que precisa ser quebrado. Em nenhum outro trabalho é tão comum atrasos tão reiterados como há no futebol. A inadimplência é algo assustador, e precisamos mudar isso. Não podemos aceitar que seja comum o clube não pagar os salários.

Ainda, em repúdio à nota oficial do Figueirense FC, informamos que os únicos culpados pelo WO são os Diretores do Clube, que além de não se comprometerem com os contratos assumidos, não abriram nenhum diálogo conosco durante todo esse tempo, não procuraram nenhuma forma de acordo. Apenas queriam que entrássemos em campo em troca de promessas. Promessas que já são descumpridas desde 2017.

Deixamos aqui nosso mais alto respeito ao Clube Figueirense FC, a instituição Figueirense FC, mas não à empresa que hoje gere o clube e deteriora sua imagem.

Por fim, informais que não há lideres, somos um grupo unido, todas as decisões foram tomadas por voto, sendo todas as decisões unânimes.

Não aceitaremos retaliações para com um ou outro atleta. Estamos unidos e uma decisão valerá para todos"

O Figueirense ocupa a 13ª posição na tabela da Série B, com 20 pontos ganhos e apenas 4 vitórias. 

 


Jogadores voltaram ao Orlando Scarpelli nesta quarta-feira - Reprodução/Instagram
 

 

 

 

 

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