Ídolo do k-pop foge para o Brasil em novo k-drama; veja detalhes
A série "Além do Guarda-Roupa", da HBO Max mescla a cultura sul-coreana com a brasileira em uma história leve, de crescimento e descobertas
19/07/2023
Se na música do "É o Tchan" foi preciso apenas charme para misturar o Brasil com o Egito, na nova série do HBO Max foi necessário muito mais que isso para mesclar a nossa cultura com a sul-coreana. Nesta quinta-feira (20), estreia a série Além do Guarda-Roupa, a primeira produção da plataforma que une a Coreia do Sul com o Brasil. Para ficar por dentro de tudo que aconteceu nessa mistura inovadora, entrevistamos atores e produtoras da série que nos contaram detalhes do que rolou nos bastidores!
Na produção, a protagonista Carol (Sharon Sho), é uma adolescente de 17 anos, filha de uma bailarina brasileira e um sul-coreano, que vive uma desafiadora jornada de superação, aceitação e autoconhecimento após a morte de sua mãe e o abandono do seu pai, que decide voltar para a Coreia do Sul. Carol vive com a tia (Júlia Rabello), que é dona de uma cafeteria, onde ela trabalha nos horários que não está na escola. Por tudo que viveu, a protagonista tem uma relação conflituosa com a ascendência e se recusa a conhecer melhor qualquer coisa que se relacione com a cultura sul-coreana.
Essa negação, no entanto, vai ficando cada vez mais difícil de ser mantida, já que suas colegas de escola viram viciadas em k-pop e a cafeteria onde trabalha começa a aderir a temática também. Tudo fica ainda mais impossível quando um dos ídolos do grupo mais famoso de k-pop no universo da série, o ACT, sai do seu guarda-roupa do nada e o armário vira um portal para a Coreia do Sul.
Para Geórgia Costa Araújo, produtora da Coração da Selva, a principal dificuldade na série foi justamente essa troca de culturas e costumes. "Na criação, parte do desafio estava em criar uma produção que mantivesse o respeito pelas culturas e mantivesse a autenticidade", explicou, acrescentando que eles fizeram questão de trazer uma produção mista, que realmente entendesse das duas realidades.
Essa troca também fascinou Júlia Rabello. "Era impressionante porque não tinha um idioma que a gente pudesse ter fluência e mesmo assim tínhamos um nível de integração que era fascinante", recorda.
Tudo isso foi possível, talvez, pela relação pessoal dos personagens com os atores. Na série, Carol se enraivece com as perguntas frequentes das colegas sobre a cultura sul-coreana, apenas por ser descendente. Na vida pessoal, Sharon já passou por uma série de situações parecidas, com perguntas indelicadas.
O mesmo aconteceu com os atores Kim Woojin e Jinkwon, que viram muito da sua rotina como ídolos do k-pop representada nos episódios. "A gente está sempre em certa competição. Temos também uma preocupação enorme em trazer músicas cada vez melhores para os nossos fãs. E essa pressão e preocupação é representada na série de uma forma bastante semelhante à nossa vida real", aponta o ex-integrante do Stray Kids, Kim Woojin.
E nessa mistura de tambor, violino e agôgô, aos poucos, todos foram percebendo que, dependendo do ponto de vista, às vezes a distância de mais de 17 mil quilômetros entre Brasil e Coreia do Sul pode sim ser resumida em um passo através do guarda-roupa, com mais pontos em comum do que geralmente imaginamos.
Não à toa, as produções coreanas estão vindo com tanta força para cá. Dados de uma pesquisa do Ministério da Cultura, Esportes e Turismo, realizada em 18 países pela Fundação Coreana para Intercâmbio Cultural Internacional, mostraram, por exemplo, que o Brasil foi o terceiro país do mundo e o primeiro das américas que mais consumiu doramas durante a pandemia. E os números não param de crescer.
Para Silvia Fu, líder de conteúdos roteirizados da Warner Bros. Discovery, existem explicações palpáveis para isso. "A questão está muito nos códigos falados no audiovisual sul-coreano, que é muito estruturado na parte de novela no sentido literário, de relacionamentos, superação e crescimento. Então as produções de lá falam muito com o que estamos acostumados a ver por aqui. É aquela coisa de sentar no sofá e saber mais ou menos o que vai acontecer, ser mais previsível, e a grande questão está no como vai acontecer, não no que vai acontecer", explica.
Enquanto o charme liga o Brasil ao Egito, talvez o coração e a forma de contar histórias ligue o Brasil e a Coreia do Sul. Seja pelo motivo que for, para Georgia Costa Araújo, toda a série é resumida na palavra "encontro". "Tudo tem a ver com dois mundos que se encontram e se transformam a partir disso".