Mercado de luxo cresce 50% no Brasil e deve continuar subindo
Dados apresentados no evento "Luxury for Web" mostram o aumento pela procura desses produtos no nosso país
31/08/2023
"Oi meninas, tudo bem? No vídeo de hoje vou fazer junto com vocês o unboxing da minha nova bolsa Channel". Só de ler essa frase você provavelmente já a associou a alguma influenciadora que você acompanha ou, pelo menos, vê de tempos em tempos. Nos próximos segundos deste vídeo, você já sabe o que esperar: um pacote luxuoso, com várias etapas e cuidados para chegar, enfim, no produto final.
Para Lara Bussi, coordenadora de E-commerce e Market Place da Tory Burch, Michael Kors e outras marcas, o grande ponto do comércio de produtos de luxo está justamente nesses detalhes. É sobre saber que pode se esperar um cuidado desde a caixa até a costura do objeto.
Seja pela busca pelos detalhes, o aumento de influenciadoras sobre o assunto ou qualquer outro motivo, o fato é que os brasileiros estão buscando cada vez mais essas marcas consideradas de luxo. De acordo com um levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Luxo (Abrael), as vendas para o setor aumentaram 50% em 2022 em todo o país quando comparadas ao ano anterior.
Esse aumento, aliás, foi um dos temas abordados por Gustavo Franco, Managing Director da Labelium, em sua palestra no evento "Luxury For Web", que aconteceu neste mês de agosto. Segundo dados coletados pela Brain & Company, apresentados por ele no evento, espera-se que as vendas no mercado de luxo cresçam para 33% até 2030, muito impulsionadas pelos sites das marcas.
Mas afinal, o que faz com que as pessoas cada vez mais tenham desejo por itens de luxo? Para Gustavo, o que acontece é que as compras por luxo desencadeiam a liberação de dopamina, gerando assim, sensação de bem estar. O cliente sente verdadeira sensação de poder, comprando algo tão exclusivo e raro.
O fenômeno Anitta
Apesar de ter essa aura de exclusividade e raridade, os itens de luxo tem chegado cada vez mais em outras classes sociais, o que também impulsionou o aumento das vendas da área.
Para explicar o fenômeno, Daniela Aquino, CEO e co-fundadora Commerce da Growth, usou uma a cantora Anitta. Brincando de vagar entre classes sociais, a cantora consegue usar Gucci enquanto fala sobre a vida da periferia em suas músicas.
A ilustração pode ser perfeita para mostrar uma coisa: agora, o luxo pode chegar em outras camadas. E não, aqui não estamos falando sobre o preço.
Pensar que qualquer pessoa pode comprar uma bolsa avaliada em R$ 5 mil reais não passa de uma ilusão. Mas, a chegada de cantores como Anitta, que conversa com a periferia enquanto usa itens de alta costura, tornou o sonho do consumo possível. Pelo menos foi essa a tese defendida pela CEO em sua palestra, que condiz com os números apresentados por Gustavo Franco.
E como as marcas veem isso?
Mais venda, mais lucro, certo? Pensando dessa forma, as marcas de luxo estão olhando com largos sorrisos para o mercado brasileiro. Mas será que uma marca deixa de ser de luxo quando vendida em massa?
Para as representantes da Michael Kors e Tory Burch, não. Elas explicam que cada marca conta com um segmento específico e costuma ter, até mesmo, linhas diversas para diferentes tipos de público - do mais requintado àquele que está chegando ali pela primeira vez, como fruto de um longo sonho.
Mesmo assim, a linha entre tornar um produto acessível e, ainda mantê-lo luxuoso pode parecer bem tênue e discutível entre as diferentes marcas e mercados. E você, quanto está disposto a gastar pelo sonho da experiência de uma compra de luxo com o unboxing perfeito?