"Batman 80": Exposição traz a essência do Cavaleiro das Trevas a SP

A primeira aventura do Cavaleiro das Trevas foi publicada em março de 1939 pela Detective Comics - futura DC Comics
  (Foto: Karyn Souza / SBT) 

São Paulo ganhou ares de Gothan City. O clima cinzento e gelado da última quinta-feira (05) formou a atmosfera perfeita para recepcionar a exposição Batman 80, que comemora o octogenário do Morcego. 

Inaugurada no Memorial da América Latina, na zona oeste da capital, a mostra reúne 520 artigos raros e curiosos dos dois maiores colecionadores de itens sobre as aventuras de um dos personagens mais emblemáticos da gigante dos quadrinhos, DC Comics: Ivan Freitas da Costa - que também é curador da exposição -, e Márcio Escoteiro - oficialmente o dono da maior coleção do Homem-morcego no Brasil, da qual 270 peças estão expostas no Memorial.

A primeira aparição do Cavaleiro das Trevas data de março de 1939, na edição #27 da Detective Comics - que está presente no acervo. Batman foi criado pelo ilustrador norte-americano Bob Kane e, desde então, tem conquistado gerações - que têm se renovado ainda mais com as adaptações do Morcego para o cinema. 

Já no Brasil, a primeira aventura do herói foi publicada em 1940, na edição #7 da revista Lobinho, que, para Ivan, é a peça mais importante de todo o acervo reunido no Memorial.

O curador, que também foi responsável pela exposição Quadrinhos (exibida este ano, no MIS), explica como se deu a concepção do evento e a sensação de compartilhar com milhares de fãs uma parte do acervo pessoal dele - e, por que não dizer, um pedaço dele mesmo, materializada em anos de dedicação e afeição com o herói.

"Eu fiz uma exposição de 70 anos do Batman, em 2009, para o Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horinzonte e, desde então, estava planejando e estruturando o meu acervo também para fazer uma exposição dos 80 anos. 

Colecionismo é um pouco de um exercício de egoísmo, né. A gente tira elementos do mundo e traz para perto da gente. Abrir a coleção é um exercício que é o oposto do egoísmo, é um exercício de generosidade. 

E eu, fazendo exposições já há mais de 15 anos, eu gosto muito desse movimento de abrir a coleção, de torná-la disponível para os fãs, permitir que outras pessoas possam ver, que um artista possa ver um original de perto e entender como que aquele outro artista resolveu uma técnica, para que um fã veja de perto uma arte original".

A mostra, segundo Ivan, foi pensada para ser totalmente imersiva e interativa, propiciando que desde grandes fãs das HQs do Morcego a crianças e visitantes leigos consigam entender o contexto do personagem e aproveitar ao máximo o passeio pelos cenários mais famosos de Gothan. 
 

 
O arqui-inimigo do Batman, Coringa,  não poderia ficar de fora e é representado em um dos espaços mais incríveis da exposição
(Foto: Karyn Souza / SBT)

Por isso, além de ricos detalhes cenográficos - cuidadosamente pensados pela agência Caselúdico, que também organizou sucessos como O Mundo de Tim Burton (em 2016, no MIS), Castelo Rá-Tim-Bum (em 2018, também no Memorial da América Latina) -, a exibição também conta com recursos auditivos interessantes, nos quais os próprios personagens dos quadrinhos reproduzem falas emblemáticas das histórias - na voz dos narradores originais dos filmes -, telas com trechos de produções da televisão e do cinema sobre o Morcego, além de muitas plaquinhas explicativas - o que torna a visita didática e informativa.

"Esse é um tipo de exposição que eu ainda não havia feito, porque ela é uma exposição que prioriza a experiência e a imersão, mas, sem abrir mão do acervo", contou Ivan, que organizou a exibição para ser vivida em "primeira pessoa", isto é, na pele do próprio Homem-morcego. "Quando o visitante entra aqui, na exposição, ele se transforma em Bruce Wayne, Batman".

Assim, ao circular pelos doze ambientes - distribuídos por uma área de 600 metros -, o visitante executa o percurso pela perspectiva do herói, partindo da mansão Wayne - que esboça a vida solitária do justiceiro órfão - para a famosa Batcaverna - recheada dos mais variados apetrechos tecnológicos -, encontrando amigos e auxiliares - como o emblemático Robin, e o Comissário Gordon, responsável por iluminar os céus com Batsinal -, rumo a mais uma missão de salvamento em Gothan City. 

E, em meio a essa aventura, não somente o Morcego tem a sua psiquê esboçada em itens de acervo impressionates, mas também os vilões de suas histórias: como os presos do Asilo Arkham - dente eles, os recém apresentados nas telonas Crocodilo e Duas-Caras, a sensual Hera Venenosa e um dos maiores adversários do herói, Bane. 

No entanto, nenhum arqui-inimigo poderia ser mais emblemático do que o Coringa - cujo ambiente impressionante que captura a essência insana e complexa do personagem. A sala do palhaço - inspirada na graphic novel "A Piada Mortal", publicada em 1988 - é, sem dúvidas, um dos pontos altos da experiência.

Ivan ainda ressaltou que a experiência na Batman 80 foi pensada de forma inclusiva e reafirma que é uma exposição "para todos os públicos". Neste aspecto, o curador se referia não somente aos diferentes perfis dos visitantes, mas, às suas características físicas. Desta forma, todos os ambientes contam com placas para leitura em braile e recursos auditivos. Além disso, do lado de fora, existe um vídeo explicativo do evento em linguagem de sinais, esculturas táteis e imagens adaptadas para pessoas com baixa-visão.

Por fim, na parte externa do Memorial da América Latina, o visitante ainda pode conferir duas réplicas impressionantes do Batmovel, se deliciar com uma praça de alimentação ambientada em Gothan e adquirir souvenir exclusivos em uma lojinha.

A exposição estará disponível no Memorial da América Latina - ao lado do metrô Barra Funda - entre os dias 05 de setembro e 15 de dezembro (de terça a sexta, das 12h às 21h; aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 21h). Os valores dos ingressos variam entre R$45,00 e R$17,50 - com possibilidade de meia-entrada. A classificação é livre.