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Review: Rise of The Ronin é tão bom quanto Ghost of Tsushima?

Confira nossa análise sobre o jogo dos mesmos desenvolvedores de Nioh e Ninja Gaiden

Rise of The Ronin review

21/03/2024

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Imagine se transportar para uma das eras mais marcantes da história japonesa, encarnando um ronin, um samurai sem senhor. Estamos nos referindo ao período do xogunato, uma forma de governo autoritária liderada pelo xogum, o comandante militar supremo do Japão.

Situado em um contexto histórico alguns séculos depois dos eventos retratados em Ghost of Tsushima, e durante a fase de abertura do Japão ao Ocidente, Rise of The Ronin se apresenta como um título que explora a chegada dos chamados "navios negros" às costas japonesas, um momento que mergulhou o país em uma era de convulsões sociais e políticas.

A Era do Xogunato no Japão

Rise of The Ronin | Reprodução/SBT

O período do Xogunato no Japão, também reconhecido como a era Edo e, em seus derradeiros anos, como Bakumatsu, foi marcado pelo regime feudal sob a liderança dos xoguns. Essa era teve início em torno de 1603 com a instauração do Xogunato Tokugawa, estendendo-se até a queda do poderio samurai e a entrada do Japão em uma fase de modernização e influência ocidental.

Nessa época, o comando do país estava nas mãos de sucessivos xoguns, comandantes militares que exerciam a autoridade efetiva, enquanto o imperador desempenhava um papel meramente cerimonial. O território japonês era fragmentado em diversos feudos, cada um sob a administração de daimyos, senhores feudais influentes que juravam fidelidade ao xogum.

Rise of The Ronin | Reprodução/SBT

Mas não se preocupe, não estou aqui para dar uma lição de história, e sim para contextualizar o cenário em que o jogo Rise of the Ronin se desenrola. Rise of the Ronin te transporta para esse momento turbulento da história japonesa, explorando os conflitos, a cultura e as mudanças sociais que marcaram o fim do Xogunato.

No jogo, encarnamos um ronin, um samurai desvinculado de qualquer senhor, e somos levados a navegar pelas intrincadas dinâmicas políticas, sociais e culturais da época. Seremos imersos em confrontos e dilemas vivenciados por aqueles que atravessaram um dos capítulos mais conturbados da história, tendo em nossas mãos decisões cruciais que poderão apoiar ou desafiar o regime do xogunato.

Introdução à Jogabilidade

Rise of The Ronin | Reprodução/SBT

A Team Ninja, aclamada pelas séries Nioh e Ninja Gaiden, une forças com a Koei Tecmo para lançar A Ascensão do Ronin, a versão em português do jogo. Este título chega completamente adaptado para o português do Brasil, oferecendo legendas para os que preferem a experiência com áudio original e uma dublagem de alta qualidade para os que desejam uma imersão na excepcional dublagem brasileira.

Com sua expertise em desenvolver jogos desafiadores, como os títulos da série soulslike Nioh, a Team Ninja traz um refinamento no combate em Ascensão Ronin. Embora A Ascensão do Ronin não se enquadre estritamente como um jogo soulslike, ele apresenta elementos típicos do gênero de ação e aventura, como a seleção de níveis e outras características marcantes.

Contudo, posso afirmar que o jogo serve como uma excelente introdução ao universo dos soulslikes, principalmente pelo seu sistema de combate. Este é desafiador, com movimentos bem coreografados, exigindo que o jogador domine a arte do parry, ou seja, o contra-ataque em momentos cruciais.

Rise of The Ronin | Reprodução/SBT

Optei pela dificuldade fácil, antecipando uma experiência soulslike, e mesmo no nível mais acessível, enfrentei várias derrotas nas primeiras fases do jogo. O combate demanda prática e apresenta uma curva de aprendizado moderada. À medida que o jogo progride, você aprende a gerenciar seu ki, a utilizar armas de forma estratégica e a contra-atacar os diversos adversários.

Existem várias táticas possíveis durante as invasões ou missões. Pode-se optar por uma abordagem totalmente furtiva, enfrentar os inimigos diretamente com a katana em combates honrados, ou usar armas de fogo, que pessoalmente é a minha preferência. Ao longo do jogo, é possível seguir por caminhos distintos na narrativa, incluindo um que desencoraja matar os inimigos, sugerindo o uso de armas não letais ou combate corpo a corpo para subjugá-los, demonstrando misericórdia.

O arsenal do jogo é vasto e permite o aprimoramento e a adaptação a diferentes estilos de combate, influenciando os movimentos e a postura do seu personagem. Portanto, para aqueles acostumados com Elden Ring e Demon's Souls, Ascensão Ronin não é um soulslike puro, mas pode servir como um convite aos jogos de ação e aventura, especialmente se você estiver disposto a encarar os desafios nas dificuldades mais altas.

Um mundo aberto onde você escolhe seu destino

Como admirador de Ghost of Tsushima, afirmo que este jogo traz várias alusões àquela obra, especialmente no que tange ao seu universo aberto. Isso é natural, considerando que ambos os jogos se passam no Japão, embora em épocas distintas.

No mapa, encontramos atividades similares, como libertar áreas dominadas por bandidos, solucionar problemas e auxiliar os moradores locais, além de vivenciar eventos aleatórios. Outras dinâmicas, como cavalgar e utilizar ferramentas em combates, também estão presentes. O mapa, apesar de não ser extenso, é dividido em várias regiões, cada uma revelada de maneira envolvente, o que torna a exploração bastante prazerosa.

As transições entre locais distantes são ágeis, facilitadas pelas opções de viagem rápida ou pelo uso de um planador e o cavalo. A customização do personagem é um aspecto detalhado, envolvendo a personalização de dois personagens.

Isso se deve à presença de uma figura fraterna, não consanguínea, que compartilha dos mesmos ensinamentos e objetivos que o seu personagem. Um evento específico provocará a separação entre vocês, e o jogo prosseguirá com apenas um dos personagens até um eventual reencontro.

Durante essa separação, você encontrará diversos samurais e guerreiros ocidentais que podem se tornar aliados e participar de missões em modo cooperativo ou com personagens controlados pela IA. O jogo introduz um sistema de laços que fortalece as relações com outros personagens importantes na trama. Essa conexão desbloqueia novos itens, armaduras, armas e habilidades.

Esse laço é intensificado por meio de missões, concordâncias em diálogos e presentes, estreitando as relações tanto nos combates quanto fora deles. As decisões tomadas influenciam diretamente essas relações, podendo determinar a sobrevivência ou morte de certos personagens ao longo da aventura.

Ambientação e Interação com animais

Explorando os diversos cenários e paisagens, alguns lugares em particular me fizeram pausar para apreciar a atmosfera do jogo. Com uma câmera fotográfica disponível durante a aventura, temos a oportunidade de capturar imagens de locais que poderiam facilmente ilustrar cartões-postais.

Rise of The Ronin | Reprodução/SBT

Desde cenas campestres até áreas marcadas pela influência ocidental no Japão, somos brindados com uma estrutura de níveis admirável, apesar de os gráficos não serem excepcionais.

Além de capturar imagens, nos deparamos com várias outras atividades, como descobrir baús ocultos, afagar gatos e enviar cães em missões em busca de itens. Esses detalhes realmente tocam nosso afeto, não é? Afinal, quem resiste a interagir com animais nos jogos revela um coração um tanto quanto endurecido.

Por falar nisso, cruzei com o cachorrinho do Arielcombo e, evidentemente, não pude deixar de dar um pouco de carinho ao pequeno amigo.

Problemas gráficos e de Desempenho

Um aspecto que me deixou desapontado foi definitivamente a qualidade gráfica. A partir dos trailers, já se podia antecipar que os gráficos não seriam o ponto alto do jogo, especialmente considerando que foi desenvolvido pela Team Ninja em colaboração com a Koei Tecmo, que tendem a priorizar o combate e outros elementos do jogo.

Ao jogar, frequentemente me pegava comparando com Ghost of Tsushima, um título de 2020, que se mostrava superior em diversos aspectos gráficos, deixando a impressão de que o PS4 poderia executar Rise of The Ronin sem grandes dificuldades.

Rise of The Ronin | Reprodução/SBT

Embora o PS5 ofereça uma jogabilidade mais fluida, um fator crucial para o dinamismo do combate do jogo, a presença da chamada nova geração não foi suficiente para evitar gráficos datados e problemas técnicos, incluindo bugs que eu mesmo experimentei.

Além desses pontos, outra questão que me frustou foi a inteligência artificial dos adversários. Havia momentos em que, ao me distanciar um pouco, os oponentes pareciam se confundir ou simplesmente não me perseguiam. NPCs um pouco mais afastados tendiam a ignorar completamente minha presença, comprometendo a imersão e tornando a experiência bastante artificial.

Entendo que não é possível simular cenários completamente realistas, especialmente em situações de furtividade, e que os jogos muitas vezes simplificam esses aspectos para tornar a jogabilidade mais acessível. Contudo, acredito que o jogo beneficiaria de uma atualização para aprimorar esses elementos, e espero que melhorias sejam implementadas em atualizações futuras.

Afinal, vale a pena?

Rise of The Ronin | Reprodução/SBT

Em um mês marcado pelo lançamento de Dragon?s Dogma 2, Rise of The Ronin surge um tanto ofuscado, representando possivelmente o único grande título exclusivo da PlayStation para este ano. O jogo se destaca por mergulhar em um contexto histórico profundamente enriquecido pelo Japão Feudal, embora padeça de gráficos datados e falhas técnicas.

Contudo, Rise of The Ronin oferece uma experiência singular, valorizada pela possibilidade de replay devido às diversas trajetórias narrativas disponíveis, evidenciando que um jogo pode prevalecer com aspectos bem elaborados, como seu sistema de combate. Para aqueles em busca de um novo desafio no estilo soulslike, minha sugestão é aguardar pela próxima DLC de Elden Ring.

Já para os interessados em uma aventura de ação inédita, e que estejam cogitando aventurar-se pelo gênero soulslike futuramente, Rise of The Ronin pode ser uma excelente introdução.

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