O Conexão Repórter deste domingo, 29 de maio, mostrou com exclusividade a conversa de Roberto Cabrini com a jovem que ganhou as manchetes dos principais jornais na última semana após ter sido estuprada por mais de 30 homens em uma comunidade do Rio de Janeiro.
O jornalista esteve na casa da adolescente de 16 anos para saber detalhes do crime que chocou o país e levantou, nas redes sociais e nas ruas, um debate sobre o respeito à mulher e a problemática do estupro no Brasil.
"Fui julgada por todos, tô me sentindo um lixo", resumou a garota sobre a experiência.
Abaixo, os principais trechos da entrevista:
"Eu tava pelada e tinha uns homens em cima de mim. Eu chorei, fiquei batendo neles e nada deles saírem. Eles diziam: Eu sei que você é safada. Eu só pensava em sair dali viva".
O hábito de frequentar um território dominado pelo tráfico sempre rendeu discussões com a mãe da menor, que ficou sabendo o que tinha acontecido apenas quando o vídeo caiu na internet. "Isso daí é resultado de um problema que ela está enfrentando faz tempo. Ela precisa de um tratamento contra drogas. Mas nada justifica ela ir num baile funk e ser violentada, né? É muito triste e humilhante e a vejo como uma vítima".
O programa também teve acesso a áudios exclusivos com diálogos dos estupradores. Em uma das conversas reproduzidas, um dos envolvidos diz que a mídia mentiu muito sobre o caso e que "estupro na favela é morte".
Cabrini visitou o local do crime, um lugar de difícil acesso. Ele entrou no quarto e mostrou a cama sobre a qual a jovem foi estuprada:
No lugar, o programa aproveitou para contar - em detalhes - a história do dia do crime. "Eu voltei para casa tomei banho e dormi. Eu estava sangrando e sentia muito medo, nojo e vergonha".
A jovem também falou da sua relação com Lucas Duarte Santos, de 20 anos, um dos suspeitos de participar do estupro coletivo.
Questionada por Cabrini se, no dia do estupro, havia usado alguma substância ilegal, a jovem foi direta: "Não, eu estava normal". Já a mãe da menina diz que o envolvimento da filha com drogas já dura três anos e que este foi o mais grave, porém não foi o primeiro "acidente" que a garota sofreu por conta do vício.
"Fui julgada por todos. Estou me sentindo um lixo".
Sobre a punição dos culpados, a adolescente diz que prefere acreditar na justiça de Deus. "Não acredito na justiça dos homens. Tanto o bandido quanto o policial são seres humanos. Por isso eu acho que o poder de Deus é mais justo".
Para a jovem, o filho de apenas três anos de idade é o motivo pelo qual ela decidiu seguir em frente. "Mas ainda não sei se sou uma boa mãe".
A cada onze minutos uma mulher é violentada no Brasil e este caso tem tudo para se tornar símbolo da luta contra a cultura do estupro e da impunidade no país.
Assista à íntegra da reportagem:
CONEXÃO REPÓRTER
Domingos, à meia-noite