Cerca de 700 mil pessoas foram afetadas por atividades de mineração no Brasil em 2022
Levantamento mostra aumento de 22,9% das ocorrências em comparação com 2021
16/12/2023
O número de pessoas atingidas pela atividade mineradora no Brasil cresce a cada ano, segundo o Mapa dos Conflitos da Mineração.
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Dona Socorro é moradora de uma comunidade quilombola de Barcarena, a 252 quilômetros de Belém. Há anos, o local sofre com danos ambientais provocados pela mineração. "A gente vive aqui comendo frutas contaminadas, bebendo água contaminada, respira um ar contaminado. As futuras gerações, elas nascem e morrem já, muitas sem os seus órgãos, deficientes", conta.
A líder comunitária está entre as quase 688.573 pessoas atingidas por conflitos envolvendo a atividade mineradora em todo país, apenas em 2022.
Segundo o levantamento, elaborado pelo Comitê Nacional de defesa de Territórios Frente à Mineração, foram registradas 932 ocorrências em quase 800 localidades, 22,9% a mais em comparação com o ano anterior (2021). Minas Gerais (37,5%) lidera o ranking dos estados com mais conflitos, seguido do Pará (12%) e do Amazonas (7,4%). As disputas por terra e água foram as que mais se destacaram, com 874 registros.
"Sem dúvida nenhuma, as populações tradicionais são as mais vulneráveis. Inúmeras mortes de trabalhadores são provocadas anualmente, a gente tem trabalhos escravos ligados ao setor mineral, a gente tem ameaças, a gente tem até estupros. Isso mostra o grau de violência do setor mineral brasileiro", afirma o pesquisador Luiz Jardim.
Para o pesquisador, alguns fatores facilitando esse cenário: "a falta de punição é um dos elementos, a falta de fiscalização da precarização dos órgãos públicos é outra, e a falta de uma legislação específica do setor mineral que direcione para a diminuição de conflitos sociais e de violações provocadas por eles".