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The Noite com Danilo Gentili

The Noite relembra 25 anos do caso do sequestro do ônibus 174 em entrevista com negociador, jornalista e duas vítimas

Coronel André, Vanessa Riche, Damiana e Janaina conversam com Danilo Gentili sobre episódio marcante do jornalismo e da polícia brasileira

Coronel André, Vanessa Richie, Janaina, Damiana e Danilo Gentili

há 2 dias

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O The Noite com Danilo Gentili desta terça-feira, 22 de julho, recebe quatro pessoas que estiveram diretamente ligadas a um dos episódios mais marcantes da história recente do Brasil: o sequestro do ônibus 174, que completa 25 anos em 2025. No estúdio, o Coronel André, a jornalista Vanessa Riche e as sobreviventes Damiana e Janaina trazem relatos do que viveram, cada um à sua maneira, da tragédia que marcou o país.

Vanessa Riche, então repórter da TV Globo, relembra como foi cobrir o caso logo no início da carreira. "Você fica pensando que vai ser um filme com final feliz, mas era a vida real ali, na nossa esquina. Foi a minha primeira grande cobertura. Tinha um ano de formada... Fui ao Hospital Miguel Couto para saber o estado de saúde da Geisa. Foi muito difícil ter que dar a notícia de que ela tinha morrido, depois de um final feliz que a gente tanto esperava e que não veio."

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Quem também acompanhou tudo de perto foi o então capitão do BOPE, hoje Coronel André, que acabou se tornando o negociador por acaso. "Acidentalmente, fui designado como negociador. Estava na ponte Rio?Niterói, voltando de um depoimento sobre a prisão de um marginal, quando escutei no rádio essa situação de crise. Eu era o mais próximo do batalhão naquele momento em condições de me aproximar, avisei que o faria, e foi o que aconteceu."

Dentro do ônibus, estavam Damiana e Janaina, que contam que pegaram o 174 por acaso. Damiana lembra da amizade que tinha com Geisa. "Era como uma filha para mim. Todos os dias ela estava comigo. À tarde, a gente dava aula de cestaria, que era artesanato."

Durante o sequestro, Damiana chegou a conversar com Sandro. "Tive um derrame dentro do ônibus. O Sandro me liberou porque achou que eu estava morrendo. Ele falou: 'Essa aqui já está morrendo'. Fiquei de quatro a cinco anos sem falar. Depois disso, já tive nove AVCs e um infarto."

Por sua vez, Janaina relembra os momentos de absoluto terror que viveu. "Acreditei até o final que ele iria me matar, mesmo com aquele pequeno diálogo."

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"Tive que trabalhar esses medos para continuar vivendo, porque não queria voltar para a minha cidade. Estava estudando, tinha os meus sonhos também. Hoje sou casada, tenho um filho e toda a minha vida está no Rio", completa, ao ser questionada sobre sua vida pós-sequestro.

A cobertura do caso mobilizou o país. Sandro, o sequestrador, usou Geisa como escudo ao sair do ônibus. Um policial tentou acertá-lo, mas acabou atingindo a jovem. Sandro também disparou três vezes contra ela, que morreu. Ele foi preso e colocado em uma viatura, mas morreu por asfixia já sob custódia da polícia.

As cicatrizes deixadas por aquele dia ainda seguem abertas. Damiana, com a saúde fragilizada, teve que se aposentar. Hoje, convive com sequelas severas e conta que nunca recebeu o suporte prometido pelo Estado. "Tive que parar de trabalhar. Como fiquei sem falar e andar, não tinha como continuar dando aula. Dei entrada no INSS e fui aposentada por invalidez", finaliza.

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