Gameficação do movimento para driblar o sedentarismo na pandemia
Será que jogar videogames ativos substitui a atividade física da academia? Confira o que profissionais afirmam sobre o tema
13/09/2020
Em tempos de pandemia e isolamento social, fazer atividades físicas dentro de casa se tornou um desafio para muitas pessoas. Porém, é importantíssimo manter uma rotina de exercícios para se manter saudável. Isso porque o sedentarismo está relacionado a 54% das mortes por distúrbios cardíacos e 50% dos derrames fatais, segundo pesquisas da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Mesmo com a reabertura das academias, muitas pessoas ainda estão optando por ficar em casa e assim se mantêm sedentárias. A gameficação da atividade física com videogames que propõem a movimentação corporal é uma alternativa para não ficar parado, mas não um substituto.
Aparelhos eletrônicos como o Kinect e o Ring Fit, que conectado a consoles de videogame utilizam sensores de movimento para rastrear os deslocamentos do corpo, podem ser uma alternativa para sair da inércia. Assim, podemos jogar exergames, jogos de videogame de exercícios, trazendo uma proposta lúdica para gerar nem que seja uma movimentação básica essencial na pandemia e para isso há jogos como "Your Shape: Fitness Evolved", "Just Dance", "Kinect Sports", "Ring Fit Adventure" e "Fitness Boxing".
De acordo como o preparador físico Felipe Moreira, embora existam movimentos que fazemos na academia que podem ser reproduzidos em casa, os movimentos que os games proporcionam são muito mais lúdicos do que um treinamento de fato. Tem-se o benefício de estar se movimentando, mas não substitui a academia. Isso porque os jogos não dão um planejamento de cargas, séries e ciclos de treino. Segundo ele, um jogo de videogame pode ser ótimo para um momento lúdico que ajuda a sair da cadeira e movimentar o corpo, mas nunca vai substituir uma academia.
Mas o preparador físico alerta que se somente o corpo for material de trabalho (como é o caso de utilizar o Kinect), algumas pessoas conseguem trabalhar menos o corpo e outras mais. Treinar em casa e sozinho, não é tão fácil assim. Outro fator desafiador é o espaço físico para poder jogar. Tem que ser livre de objetos e preferencialmente plano.
Felipe Moreira lembra também que é importante não exagerar e variar movimentos. Não é bom se fixar a apenas um tipo de exercício, trabalhando apenas a parte superior ou inferior.
Com a gameficação do exercício, muitas pessoas até esquecem que estão de fato fazendo exercício e não tomam os devidos cuidados para se proteger de possíveis lesões. Não é normal sentir dor jogando um videogame, mas se acontecer é sinal de que algo está errado e um médico precisa ser consultado.
Também é importante levar em consideração que existem exergames que precisam ser evitados dependendo da idade ou condicionamento das pessoas. O fisioterapeuta Vitor Kenji afirma que pessoas mais idosas, devem evitar jogos de movimento que possuem agachamento, pois se fizerem o movimento errado podem estar prejudicando a coluna. Jogos que possuem movimento de pulo, dependendo do impacto, podem prejudicar joelho, quadril e tornozelo. Jogos que envolvam rotação de tronco também requerem certa atenção, pois uma rotação em um eixo errado pode machucar o joelho.
Kenji afirma que para diminuir o risco de lesões é importante alongar 15 minutos antes de jogar para deixar a musculatura mais flexível e dar mais amplitude de movimento, e aquecer também é importante para preparar o corpo e as articulações para o esforço que será realizado com o exergame.
Já a duração do exercício em forma de videogame depende um pouco da intensidade e velocidade em que o exercício está sendo feito. Vitor recomenda jogar no máximo 1h e então inserir pausa entre 1h a 3h de repouso antes de cogitar voltar jogar mais um pouco para não forçar demais o corpo.
Mas os dois profissionais afirmam que o videogame deve ser usado como uma forma de se movimentar, não como um exercício físico de fato. O ideal é que o exercício físico seja feito com acompanhamento de um personal trainer, nem que seja por teleatendimento, um formato que não permitido antes da pandemia, mas se tornou viável nesses novos tempos.