Jogadores PcD falam sobre testes com o controle adaptável do Xbox

Quase 25% dos brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o que significa pelo menos 45 milhões de pessoas, segundo levantamento do IBGE. E de acordo com um levantamento da ONU, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo possuem algum tipo de deficiência. Este é um fator limitante que desconecta pessoas com deficiência de suas comunidades em diversos níveis, inclusive quando o assunto é videogame.

"Nós PcDs às vezes deixamos de jogar por uma limitação que o jogo ou o equipamento nos proporciona", afirma Angelo Piorini, que possui monoplegia. Já a Lais Faccin possui uma doença degenerativa muscular, mas não desiste fácil e está acostumada a criar gambiarras para poder jogar, adaptando sua mesa ou colocando o mouse e teclado em posições estranhas.

Em um universo ideal, ninguém deveria desistir ou precisar de gambiarra para se divertir com um videogame. E foi com este pensamento que o Xbox criou um controle adaptável a partir de sugestões de fãs, orientação de especialistas em acessibilidade e parceiros da The AbleGamers Charity. 

"Estamos fazendo essa parceria incrível, em retorno, estou preparando vídeos de review bem detalhados, com dicas passo a passo pra quem tiver interesse em adquirir", afirma Lais. "Com toda a certeza é mais fácil de jogar com o controle adaptado. Eu até já tinha abandonado o controle convencional porque não conseguia jogar direito."

Jhonnathan Alex possui paralisia na mão e braço direito, o que sempre o atrapalhou na hora de jogar seu jogo preferido, CoD: Warzone. Jhonnathan confessa que foi meio complicado no começo, porque não conhecia muito bem o controle, mas agora que já está testando o aparelho há uma semana e revelou que sentiu "mais facilidade na hora de atirar". 

"Com toda a certeza é mais fácil de jogar com o controle adaptado", afirma Lais. "O nome "adaptativo" faz muito sentido, porque o kit não vem adaptado e pronto pra certo tipo de dificuldade, você que vai adaptar ele da forma que quiser."

Lais explica ainda que o controle vem com botões de vários tamanhos e um joystick pequeno e bem leve. Além disso, o aparelho possui diversos plugues extras para o caso de precisar colocar mais algum equipamento. Segundo Piorini, o controle é inclusive compatível tanto com PC quanto com os consoles Xbox One e Xbox Series X|S.

Tanto Lais quanto Piorini destacam que pode ser meio complicado configurar o controle na primeira vez caso a pessoa não tenha conhecimento de videogame. Isto pode ser um obstáculo para pais ou tutores que estejam auxiliando o jogador. Por outro lado, o controle adaptável permite que até 3 configurações de perfis sejam salvas em seu sistema, facilitando para as próximas jogatinas, pois diferentes tipos de jogos pedem configurações distintas.

Piorini joga um pouco de tudo e está testando o controle adaptável há 3 semanas. "Eu por diversas vezes neste período testei configurações diferentes, pois ele tem um ilimitado número de acessórios, o que faz com que cada jogo tenha uma configuração diferente", contou Piorini sobre sua experiência com o produto.

Por fim, os jogadores falaram um pouco sobre como acreditam que o mercado deveria ser para se tornar mais inclusivo.

"Eu acho que deveria ter mais esse tipo de controle no Brasil e no mundo porque tem muita gente com mobilidade especiais que até hoje não consegue jogar videogame por causa de alguma deficiência", afirma Jhonnathan deixando o recado para as empresas da área.

E Lais complementa este pensamento de Jhonnathan com uma visão de como baratear os custos dos equipamentos. Para ela, se várias empresas começassem a produzir controles e equipamentos especiais, seria viável até terceirizar a produção. E isso baixaria o valor dos equipamentos, que no momento ainda não podemos considerar economicamente acessíveis a todos.