Crescente presença feminina nos esports e o fomento do cenário
Torneios como Donas do Jogo e All Stars de Valorant abrem caminho para mulheres talentosas brilharem nos esports
21/09/2021
Na última terça-feira (14) aconteceu a final do torneio de Free Fire Donas do Jogo. A competição feminina foi criada pelas streamers e influenciadoras Babi e Voltan, com auxílio da LOUD, e a Bastardos foi a equipe vitoriosa, dentre as 32 competidoras. Esta não é a primeira disputa exclusivamente feminina do cenário, que já contou inclusive com duas edições do Camplota, torneio da apresentadora e streamer CamilotaXP, mas é mais um grande passo feminino no cenário competitivo.
Histórico do competitivo feminino
O Brasil ainda é um país muito patriarcal, onde games não são "coisa de menina", e nem mesmo são levados a sério como uma possibilidade de profissão mesmo com tantas influenciadoras e pro players provando o contrário todos os dias. A Babi é prova disso, tendo vasta experiência competitiva dentro do cenário de Free Fire, mas também já tendo sofrido na pele os efeitos da arcaica construção social de gênero dentro da própria família para chegar até aqui, como contou no documentário Babi: Uma Chance para Mudar o Jogo.
Por isso, um campeonato feminino de Free Fire organizado por grandes nomes femininos do cenário como o Donas do Jogo é importante exatamente para promover inclusão e representatividade, além de obviamente colocar em evidência o cenário gamer feminino do país. O Donas do Jogo teve não apenas competidoras mulheres, mas também casters e até um show especial das artistas Hyperanhas, que compuseram a música oficial do torneio chamada A Firma é Forte. O clipe conta com nada menos que 14 mulheres de peso no cenário de esports.
Mas LOUD Babi e LOUD Voltan não são as únicas que estão dando oportunidade nos esports neste momento. Desde seu lançamento em 2020, a Riot Games vem buscando ser mais ativa auxiliando seu FPS Valorant a se tornar verdadeiramente misto no âmbito profissional com um projeto de fomento do cenário feminino chamado Valorant Game Changers. É uma forma de correr atrás e evitar que se enraize preconceitos de que mulheres não sabem jogar direito sem nem ao menos terem oportunidade de crescimento, como aconteceu no League of Legends (LoL).
Por mais que haja grandes streamers femininas no LoL, foi necessária a implementação de equipes Academy este ano, com jogadores intercambiáveis com os da equipe principal do CBLOL para que finalmente as mulheres começassem a ter chances reais de participar de equipes profissionais com pé de igualdade. Não apenas jogadas de marketing, como algumas equipes já fizeram no passado. Foram onze anos de cenário extremamente masculino e machista após a criação do cenário competitivo desse jogo para chegarmos até aqui.
O Valorant Game Changers tem como missão tornar a liga principal da modalidade, o Valorant Champions Tour mais inclusive e um melhor representante da comunidade. Para isso acontecer, o projeto abre duas vertentes. De um lado oferece competições de alto nível, o VCT Game Changers Series, que faz com que grandes organizações sejam obrigadas a terem não apenas uma line-up, mas sim duas, com uma sendo composta por mulheres para jogares esses campeonatos, se quiserem ter 2 chances de vencer torneios.
A outra é o programa VCT Game Changers Academy, permitindo que outras empresas criem torneios mensais para dar oportunidades para que as mulheres possam competir em categoria e base e semiprofissional.
Onde o SBT Games entra
O All Stars de Valorant que iniciou nesta segunda-feira (20) está acontecendo exatamente para dar chance para novas jogadoras terem seu primeiro contato com o competitivo da modalidade, uma oportunidade de aprender a lidar com o nervosismo de um torneio e encarar times fortes.
Mas também é mais uma competição para a elite brasileira do Valorant feminino mostrar suas habilidades e desmistificar a falácia de que mulheres não sabem jogar direito.
O All Stars de Valorant segue até domingo (26) com jogos todos os dias a partir das 18h no canal da Twitch do SBT Games.