Fala de Ministra do Esporte cria polêmica no cenário de esports
Fãs e nomes influentes do cenário se posicionaram acerca da fala de Ana Moser
11/01/2023
Uma fala da atual Ministra do Esporte do Brasil, Ana Moser, gerou polêmica na comunidade de esports (esportes eletrônicos). A fala em questão foi dita em uma entrevista da ministra ao UOL e trata da sua visão acerca do cenário competitivo no mundo dos videogames.
Na entrevista em questão, Ana Moser afirmou que não pretende investir em esports enquanto estiver no comando do Ministério do Esporte e além disso, a ministra também declarou que "esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento", não reconhecendo o status dos games como esportes de fato e comparando atletas de esports com artistas da indústria musical. Tal posicionamento criou polêmica entre os fãs e personalidades do cenário de esports.
Isto porque a atual Ministra do Esporte mostrou um certo nível de desconhecimento acerca dos esportes eletrônicos, algo comum da população que não está inclusa na comunidade de esportes eletrônicos. Grandes nomes do cenário, como o streamer Gaulês, Cherrygumms (CEO da Black Dragons), Tácio "Schaeppi" (narrador do CBLOL) e a streamer Barbara Gutierrez se posicionaram em suas redes sociais.
As abordagens foram diferentes, com alguns optando por uma crítica incisiva à fala da ministra e outros buscando um diálogo e soluções para a classe. Barbara chegou a fazer uma thread em seu perfil no Twitter onde expôs alguns pontos onde a ação do Estado pode beneficiar o mercado de jogos eletrônicos e videogames no geral, como incentivos para realização de torneios no Brasil (o que movimentaria não só a área, mas também o turismo).
(mas poderíamos pensar sim em facilitar a produção de torneios aqui no Brasil já que todo o trâmite é bem chato e espanta algumas empresas gringas)
? Barbara Gutierrez (@bahgutierrez) January 11, 2023
- a regulamentação também diminui as falcatruas tipo lavagem de dinheiro (vocês sabem que rola bastante, não preciso nem explicar)
No caso de Schaeppi, o narrador comentou em seu podcast que buscou o contato com a ministra para agir como uma ponte de diálogo para que o assunto seja tratado com seriedade. Confira o corte das falas do narrador, junto de seus colegas Thiago "Djoko" e Prieto:
Falta conhecimento sobre esportes eletrônicos
Ao falar sobre jogos eletrônicos, Ana Moser disse que os resultados são previsíveis por conta dos games serem criados via programação, algo que na realidade material não acontece. Para atestar que esports são imprevisíveis basta assistir o Worlds de League of Legends de 2022, onde a desacreditada DRX de Deft venceu o mundial mesmo jogando todo o torneio com o status de "time fraco".
THE FINAL MOMENTS OF A LEGENDARY #WORLDS2022 FINAL. pic.twitter.com/Nz74JY6c8F
? LoL Esports (@lolesports) November 6, 2022
Mas para além disso, existem inúmeras outras discussões que podem e devem ser feitas em relação aos esportes eletrônicos, como o fato das "modalidades" (jogos) serem propriedade privada de empresas que podem dar um fim às mesmas sem aviso prévio e abandonar os jogadores profissionais. Porém, há também o dever do Estado em cuidar dos trabalhadores da área, garantindo os seus direitos e condições adequadas de trabalho.
Um exemplo é a China, que oficializou os esports como profissão e criou até mesmo um plano de carreira para a categoria, visando contribuir para o crescimento da indústria de esportes eletrônicos no país. Outro país que foi pioneiro no reconhecimento de esports é a Coreia do Sul onde, em 1999, o governo fundou a KeSPA (Associação de Esports da Coreia), que administra a área e segue ativa até hoje, realizando torneios anuais com alguns dos maiores jogadores da história de jogos como League of Legends e StarCraft II.
Falta diálogo e política no cenário
Assim, é notável que grande parte das pessoas que não estão ligadas aos esportes eletrônicos não tem o conhecimento de causa necessário para tratar sobre ele. Neste caso, cabe aos grandes nomes do cenário criar um ambiente de conversa e conscientização sobre a diferença entre jogar um game casualmente e disputar campeonatos profissionais, especialmente porque nos esports há diferenças gritantes em relação a esportes como futebol e basquete.
Por fim, o mundo avança e consequentemente o entedimento das palavras também muda, como pode vir a ser no caso de "esporte", evolui. Cabe ao Estado lidar com a chegada de novidades segundo cada nova comunidade que surge, de forma que a população seja atendida de acordo com suas próprias necessidades.