A Guerra na Ucrânia e o Crescimento da Pirataria de Jogos na Rússia

A invasão contínua da Ucrânia pela Rússia resultou em um êxodo de indústrias estrangeiras do país, à medida que as nações ocidentais se unem na aplicação de sanções ao regime de Putin. A indústria de jogos é uma das mais proeminentes, com quase todos os grandes players agora tendo se retirado da Rússia e fechado quaisquer escritórios regionais lá. O tópico abaixo traz informações levantadas pelo site PC Gamer.

A Pirataria de Software na Rússia

Esta é uma área onde os números precisos são quase impossíveis, mas é justo dizer que a Rússia, em geral, tem uma reputação de pirataria de software, estabelecida muito antes da atual guerra na Ucrânia. Um novo estudo do coletivo de desenvolvimento de jogos russo e faculdade School XYZ sugere que está piorando à medida que as empresas se retiram do mercado, com sete em cada dez entrevistados admitindo que piratearam pelo menos um jogo em 2022. 51% disseram que piratearam mais jogos no último ano do que no ano anterior.

A Pesquisa da School XYZ

Este estudo foi realizado online com entrevistados com um interesse pré-existente em jogos. A pesquisa ocorreu em junho de 2023 e o tamanho da amostra é de 1.500 pessoas em todas as regiões da Rússia. Um jogo pirateado é amplamente definido, mas, segundo a COO da XYZ School, Emma Yusova, a maioria é baixada de rastreadores de torrent.

A Retirada das Empresas Ocidentais da Rússia

Essa ação de pirataria, ocorre após uma retirada sem precedentes de empresas ocidentais da Rússia em um prazo muito curto, sendo que a maioria dos mercados existentes não estão mais vendendo na região.

Algumas bibliotecas de conteúdo permitem que os russos acessem conteúdo comprado antes de 2022, embora não todos, mas os jogadores russos agora têm poucas rotas para comprar novos jogos legitimamente. Isso, aliás, não se limita a videogames: livros, filmes, música e todos os novos lançamentos de mídia agora são difíceis de obter por canais adequados.

A Pirataria de Jogos na Rússia

Além dos 69% dos entrevistados que admitiram jogar pelo menos um jogo pirateado em 2022, 27% disseram que piratearam três ou mais jogos, com 20% dizendo que o número era dez ou mais títulos. Dos 31% dos russos que disseram que não piratearam nada, quase todos citaram uma objeção pessoal ao ato, enquanto 7% disseram que não compraram um novo jogo em 2022.

A Pirataria como um Problema de Distribuição

Levando esses números pelo valor de face, eles claramente se alinham com um argumento clássico sobre pirataria, que foi resumido por ninguém menos que Gabe Newell como um "problema de distribuição". Ou seja, quando as pessoas não podem acessar o conteúdo facilmente e legitimamente, a pirataria se torna uma solução atraente.

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A Steam é um ótimo exemplo aqui, porque a plataforma ainda opera na Rússia, mas não aceita mais cartões bancários russos ou permite que usuários russos façam compras. Existem maneiras de contornar isso, mas, claro, elas são inconvenientes e podem envolver a compra de cartões-presente ou vouchers, enquanto a pirataria... bem, se você sabe para onde ir, é menos complicado.

A Visão dos Desenvolvedores de Jogos Russos

Yegor Tomsky, CEO do Watt Studio, com sede em Moscou, chegou a afirmar que:

"Os jogadores estão acostumados a comprar jogos no Steam com um clique, e agora, para comprar um jogo, você precisa realizar as mesmas ações que ao baixar uma versão pirateada, então todos escolhem economizar dinheiro"

O estudo inclui estimativas de quanto dinheiro os editores ocidentais podem estar perdendo devido à pirataria, embora seja difícil levar isso a sério, dado o contexto econômico mais amplo da Rússia no momento, com os russos comuns enfrentando tempos cada vez mais difíceis. Os videogames são, afinal, um luxo, e não necessariamente onde alguém na Rússia estaria colocando qualquer renda extra no momento.

A Resposta do Governo Russo

Quanto ao governo russo, ele permanece em terra de ninguém sobre a substituição de empresas ocidentais por equivalentes nacionais. Houve uma tentativa abortada de lançar um concorrente financiado pelo governo para o motor gráfico Unreal Engine e a abertura anunciada de uma escola de ciberesportes estadual, bem como iniciativas mais subterrâneas, como uma tentativa de espalhar propaganda apoiada pelo Kremlin por meio de vários títulos online populares, incluindo o Minecraft (embora não seja o único nisso).