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Review - Black Myth: Wukong é grandioso de mais?

Confira nossa análise de um dos jogos mais esperados do ano

Review Black Myth Wukong
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Sem dúvidas um dos jogos mais esperados para este ano, Black Myth: Wukong prometeu ao jogador um conteúdo épico e incomum. Sua proposta de explorar um grande sucesso da literatura chinesa foi um acerto para a captação do público. Mas será que foi bem executada?

O jogo parecia propor algo diferente e não enraizado no gênero soulslike, o que faz sentido, pensando que ninguém quer lançar um produto que não seja original, referenciando diretamente outra empresa já estabelecida e com muitos sucessos no gênero. O que acontece exatamente ao contrário com a Game Science, que fez de Black Myth: Wukong seu primeiro jogo dentro de uma semelhança souls, que para mim, se parece até de mais. Neste tópico abordaremos todos os detalhes (que podemos contar) sobre um dos jogos mais esperados do ano. Vale lembrar que tivemos a oportunidade de jogar graças a uma key na Steam cedida gentilmente pela Theogames.

A Lenda do Rei Macaco

Black Myth: Wukong | Reprodução/Game Science

O jogo se baseia na obra literária de Wu Cheng'en, Jornada ao Oeste, um romance mitológico que conta a história do Rei Macaco, um macaco imortal e com poderes inimagináveis. O início do jogo já nos apresenta ao personagem principal confrontando deuses budistas gigantes e travando uma luta contra outro deus, este de tamanho normal, numa batalha épica.

Já com nosso personagem upado no que seria as habilidades no máximo, a batalha é simples, sem dificuldade, a fim de apresentar um pouco da mecânica de combate, o que está longe de conseguir ser apresentada numa batalha de cinco minutos. A luta termina com um desfecho inusitado. Após uma cutscene e uma transição, é apresentado a nós o título do jogo e nosso início de jornada.

O Novo Rei Macaco?

Black Myth: Wukong | Reprodução/Game Science

Começamos então com o que parece ser o sucessor do Rei Macaco ou sua "reencarnação", levando em conta que não há reencarnação no budismo. 

Seguimos então progredindo na história de maneira progressiva e sem certo direcionamento claro da história, o que faz com que os ganchos e pontas sejam pegos pelo jogador. Essa dinâmica é bem aproveitada e traz envolvimento à história, que sempre apontará para a Jornada ao Oeste. Mas o que pode dificultar a fluidez dessa absorção da lore, é sua mecânica.

Souls ao Oeste?

Black Myth: Wukong | Reprodução/Game Science

Aqui entramos num mar de altos e baixos que o jogo apresenta. Seu desprendimento do gênero souls é sim enxergado em sua mecânica, mas não tanto quanto podíamos esperar. Começando pelo fato que o jogo não te oferece escolha de dificuldade. Ele somente te direciona a dificuldade padrão, pensada pelos desenvolvedores ser a única para a gameplay.

No decorrer do jogo temos todas as mecânicas conhecidas em jogos souls e nada muito além do que já vimos em jogos que seguem a mesma linha, sem segredos. Podemos dar destaque ao sistema de posturas que podem ser explorados já no começo de gameplay ao adquirir pontos de habilidade, e nos dão uma variação de ataques pesados diferentes. 

Nosso personagem está em constante evolução e aprimoramento, o que deixa nosso combate gratificante. Por outro lado, em alguns momentos, ter uma gama de habilidades e movimentos melhorada, não necessariamente vai deixar os inimigos mais fáceis. Não significa que não serão úteis! O jogo acerta muito ao colocar a mecânica de adquirir habilidades únicas de inimigos após derrotá-los e usar contra outro posteriormente. Afinal, na mitologia, o Rei Macaco pode se transformar em até 72 animais diferentes. 

Temos uma boa variedade de inimigos. Todos em sua maioria animais, assim como na literatura. Sua dificuldade trabalha com polos, ou seja, ou é extremamente fácil matar um inimigo comum no meio do seu caminho, ou você pode enfrentar inimigos que te derrotam com apenas um hit sem sequer ser anunciado. Convenhamos que isso não parece vir de algo que não quer se parecer com Souls. Mesmo assim, é satisfatório derrotar inimigos durante o caminho, ainda mais quando o jogo, coloca mini hordas de inimigos para atacarem ao mesmo tempo. 

Combate, combate e combate!

Black Myth: Wukong | Reprodução/Game Science

Vamos para outro ponto importante do combate. Nós iremos durante a batalha usar o nosso indispensável lock de câmera para conseguirmos focar no inimigo e realizar nossas esquivas e ataques. O que não funciona bem na transição de lock quando temos mais de 2 ou 3 inimigos. E se você se aventurar em tentar batalhar sem o lock, prepare para desferir ataques que não vão acertar ninguém, mesmo que você esteja bem perto do inimigo. Além de correr o risco de sua câmera sair do eixo e entrar na parede... Sim, isso pode acontecer. Não vivenciei essa situação especificamente contra chefes, mas talvez você sofra com alguns momentos onde o lock do boss some por causa de uma habilidade específica dele e você tenha que frequentemente voltar a dar lock

O ponto que vou falar agora mereceria um título só para ele. Pois se trata do fato que o jogo não apresenta o parry como habilidade básica. Entendo que é uma proposta que pode se encaixar dependendo do contexto. Mas levando em consideração que nosso personagem tem um bastão super poderoso, não faz sentido não podemos dar o famoso parry perfeito para quebrar a defesa do nosso inimigo.

De início, só conseguimos nos esquivar, e quando nos esquivamos perfeitamente, temos uma "animação satisfatória" que pode somar a uma cura acumulada ao usar poções. 

Complementando, em questão de dificuldade, temos uma ambiguidade de inimigo para inimigo que pode significar extrema facilidade a evitar lutar contra. Contra boss não temos escolha, em alguns deles, teremos dores de cabeça e outros vamos conseguir passar de primeira. O que nos deixa com a questão saturada de acessibilidade em jogos soulslike. Se o jogo pretendia atingir um público maior ao se desprender do gênero souls, por que ele não incluiu acessibilidade para jogadores casuais?

Macacos me mordam, tudo aqui é bonito

Black Myth: Wukong | Reprodução/Game Science

As coisas são grandes por aqui, desde pouco grandes até extremamente grandes (lá ele). O gráfico do jogo é sim, muito bonito. Seu design de personagens, cuidado com pelagem e características dentro do contexto literário que ele se passa, executa muito bem a ambientação dos animais e flora.

Suas estruturas são bem bonitas e bem trabalhadas, apesar de se repetirem algumas poucas vezes. Além da física do ambiente e cenário se comportarem de forma competente em algumas interações. Porém, os hitboxes de alguns modelos 3D podem deixar a desejar no decorrer da exploração, mas não afetando o deleite do espetáculo visual de vários momentos. 

Desempenho e Otimização

Black Myth: Wukong | Reprodução/Game Science

Aqui caímos num assunto bem delicado e problemático para o jogo. Apesar de considerarmos lançamentos de patches para correções de lançamento, sua otimização está bem comprometida. O jogo apresenta constantes quedas de frame e stuttering, mesmo com adaptações para melhorar o desempenho nas configurações gráficas. O jogo quase não muda o desempenho ao mudar o gráfico do médio para o alto. Sendo que no baixo, o jogo fica com severos downgrades gráficos, que para um jogador que deseja admirar o conteúdo gráfico do jogo, pode ser decepcionante. 

O jogo foi localizado para português do Brasil, porém ainda contém vários elementos textuais sem tradução, incluindo itens e habilidades com descrições ainda em inglês, que dificultam o jogador que não possui o segundo idioma. 

Presenciei poucos bugs de fato, apesar dos constantes hitboxes de beiradas de estrada spammarem animações de quase queda do personagem. Em combates pode ser comum alguns ataques fora de eixo atingirem você mesmo assim, com movimentos extremamente bruscos dos inimigos, sem respeitar a física primária do jogo. Que vale constar que realmente não é tão parecida com o conteúdo visto em trailer. 

Afinal, vale a pena?

Black Myth: Wukong | Reprodução/Game Science

Black Myth: Wukong é uma conquista para a Game Science! Um jogo grandioso, que com certeza encherá os olhos de fãs do gênero souls e também fãs de Jornada ao Oeste. Porém não é um jogo que se flexibilizará para públicos mais novos e casuais que gostariam de aproveitar o seu conteúdo de história, que é um dos seus pontos fortes.

O jogo tem problemas comuns, considerando ser o primeiro jogo do gênero feito pela desenvolvedora. O que pode custar alguns eventos de quebra de imersão e desgaste na gameplay, mas que não serão tão frequentes ao ponto de decepcionar e causar abandono do jogo. 

Por outro lado, seu problema de otimização pode ser um grande elemento contra seu sucesso, desempenho de vendas e até causar alguns reembolsos em casos de aquisições em PC, caso isso não seja corrigido nos momentos iniciais de lançamento. É difícil jogar o game e não se empolgar com sua progressão, conquistas ao liberar mecânicas novas e transformações que farão a dinâmica de combate do jogo mudar.

Vale mais que a pena explorar esta aventura do Rei Macaco e conhecer um pouco mais sobre a literatura chinesa, com uma pitada de desafio e beleza gráfica incluída. Porém, para pessoas não tão fãs do gênero Souls e de literatura chinesa, recomendo esperar uma promoção cheia e talvez se render a ler o livro antes, por que não?

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