Visions of Mana: Uma Jornada que Promete, mas tropeça na execução

Visions of Mana surge como o aguardado retorno de uma das franquias clássicas da Square Enix, depois de um hiato de 15 anos. No entanto, o título, lançado para várias plataformas, incluindo PS5, PS4, Xbox Series e PC, entrega uma experiência que oscila entre promessas não cumpridas e um potencial que, infelizmente, não foi totalmente aproveitado.

Apesar disso, o jogo traz para os fãs do gênero, uma memória afetiva muito boa, especialmente com jogos deste tipo da época do PS2. A Square Enix cedeu gentilmente uma chave para PS5 para realizarmos a análise que você confere abaixo:

Narrativa e Personagens: Um Roteiro que falta Magia

A narrativa de Visions of Mana acompanha Val e sua amiga de infância, Hinna, em uma jornada até a lendária Mana Tree, um ponto central na mitologia da franquia. Embora essa premissa tenha o potencial de atrair tanto novos jogadores quanto fãs antigos, a execução do enredo acaba deixando a desejar em alguns momentos.

Os eventos da história se desenrolam de maneira previsível, com poucos momentos de surpresa ou emoção genuína. Os personagens, que deveriam ser o coração da trama, são apresentados de maneira superficial, sem desenvolvimento suficiente para que o jogador se importe com suas motivações ou dilemas. Isso se torna um problema em um RPG, onde a conexão com os personagens é fundamental para uma experiência envolvente.

Antes de prosseguir, confira também nosso preview sobre o jogo, onde abordamos um pouco mais sobre o histórico da franquia:

+ Prévia: Visions of Mana - Explorando o novo capítulo de uma série icônica

Jogabilidade e Exploração: Potencial não alcançado

Um dos aspectos mais ambíguos de Visions of Mana é a sua abordagem à exploração. O jogo introduz mecânicas baseadas em artefatos elementais, que poderiam ter adicionado profundidade à jogabilidade, mas que, na prática, se revelam limitadas e repetitivas. O jogo tem um cenário lindo e permite o uso de montaria a partir de um determinado momento, mas ainda assim, fica aquele gostinho de que o mapa poderia ter tido seus "cantinhos" mais explorados.

Em vez de permitir que os jogadores explorem livremente um mundo vasto e cheio de segredos, o jogo restringe a exploração a caminhos pré-determinados, onde as ações do jogador são fortemente guiadas. Isso não só diminui a sensação de descoberta, que é vital em um RPG, como também torna a experiência mais repetitiva com o passar do tempo.

As missões secundárias acabam por recorrer a fórmulas já conhecidas, como buscar itens ou derrotar inimigos genéricos, sem acrescentar tanta relevância ou profundidade ao universo do jogo.

Combate: Simples, mas entrega o que promete

O combate em Visions of Mana se destaca por sua semelhança com Final Fantasy, especialmente na forma como combina ação em tempo real com elementos estratégicos. Cada encontro com inimigos exige uma abordagem pensada, que varia conforme o nível de dificuldade em que você estiver jogando.

O jogador precisa equilibrar ataques, defesa e o uso de magias de uma maneira que lembra bastante os RPGs de ação inspirados por Final Fantasy, mas com a fluidez que é característica da série Mana. Nos estágios iniciais, no entanto, o jogo se mostrou mais acessível e fácil do que os títulos da série Final Fantasy.

O combate em Visions of Mana é, sem dúvida, um dos pontos altos do jogo. Ele oferece uma boa dose de personalização através dos artefatos elementais, que permitem aos jogadores desbloquear novas classes e habilidades conforme avançam na história. Essa mecânica incentiva a experimentação, já que diferentes combinações de artefatos e personagens podem levar a resultados variados em combate.

A sensação de testar os artefatos elementais em cada um dos diferentes personagens, traz ainda mais profundidade pras combinações que você pode realizar durante seus confrontos.

Gráficos e Desempenho: Beleza refrescante

Os visuais de Visions of Mana são um verdadeiro deleite para os olhos. Com gráficos que harmonizam o estilo clássico dos RPGs dos anos 90 com as mais recentes técnicas modernas, o jogo constrói um mundo que consegue ser simultaneamente nostálgico e inovador.

Visualmente, Visions of Mana consegue capturar a essência charmosa e vibrante que se espera de um título da franquia Mana. Os personagens e inimigos têm um design fofo e caricato, o que contribui para a identidade visual do jogo.

A sensação de estar jogando um anime, por exemplo, é recorrente, não só pelos gráficos, mas por toda a estrutura de narrativa e gameplay. Apesar disso, sofri com algumas quedas de frames durante a gameplay no PS5, mas nada que comprometa a experiência visual que o jogo traz.

A trilha sonora, composta por temas épicos e melodias suaves, acompanha perfeitamente a estética visual, proporcionando uma imersão completa no universo do jogo. Me trouxe uma nostalgia gigante de um jogo não tão conhecido, chamado Dofus.

Afinal, vale a pena?

Em resumo, Visions of Mana é um jogo que, apesar de ter momentos de muito brilho, falha em entregar uma experiência verdadeiramente memorável. A narrativa simples e a exploração limitada acabam sendo obstáculos que impedem o jogo de atingir seu potencial completo.

Para os fãs dedicados da série Mana, o jogo com certeza é uma excelente adição. Para jogadores com pouca idade, o jogo seria amplamente indicado também, mas a falta de localização em PT-BR acaba por ser uma barreira para aqueles que não possuem o segundo idioma, especialmente se pensarmos em jogadores mais novos.

Em suma, eu indicaria Visions of Mana também para jogadores que querer começar no gênero. Sua simplicidade, apesar de deixar o jogo monótono em alguns momentos, traz um conforto para aqueles jogadores que não estão acostumados com as mecânicas dos RPG's, e pode ser uma excelente porta de entrada para estes players.

Visions of Mana tem lançamento marcado para o dia 29 de agosto de 2024, e estará disponível para PS4, PS5, Xbox Series e PC.