Review: Life is Strange: Double Exposure - Max está de volta, mas será que a nova trama convence?
Uma nova jornada com viagens entre realidades paralelas promete que cativa fãs e novos jogadores. Será mesmo?
há 8 horas
A franquia Life is Strange sempre se destacou por suas narrativas emocionais e escolhas impactantes, capturando o coração dos jogadores desde 2015. Com o retorno de Max Caulfield em Life is Strange: Double Exposure, as expectativas eram altas, especialmente por ser uma sequência direta do aclamado primeiro jogo. Essa nova história, desenvolvida pela Deck Nine, mistura nostalgia com uma abordagem diferente, resultando em um jogo que acerta em muitos pontos, mas também decepciona em outros.
Vamos explorar cada aspecto desta nova aventura de maneira com que spoilers não sejam revelados aqui. Confira abaixo nossa análise graças a uma chave cedida gentilmente pelo time da Square Enix Latam!
Uma Nova Habilidade, Uma Nova Realidade
A história de Double Exposure se passa alguns anos após os eventos de Arcadia Bay. Max Caulfield, agora uma artista residente na Caledon University, está tentando levar uma vida normal até que o misterioso assassinato de sua amiga Safi a envolve em um novo enigma. O diferencial aqui é o uso das novas habilidades de Max, que descobre que possui um novo poder: a habilidade de transitar entre duas realidades paralelas.
Em uma, Safi está viva; na outra, morta. Esse novo dom coloca Max no centro de uma investigação enquanto ela tenta descobrir quem é o assassino e, possivelmente, impedir que o crime ocorra.
Narrativa e Personagens
A construção dos personagens é um dos pontos altos da franquia, e Double Exposure apresenta um elenco novo e diversificado. Safi, a amiga de Max, é uma das personagens mais intrigantes, cheia de camadas e complexidade. No entanto, ela acaba sendo subaproveitada, o que é uma pena, já que sua personalidade única poderia ter sido mais explorada em interações mais profundas com Max, como acontecia com Chloe no primeiro jogo.
Outros personagens, como Moses e Vinh, se destacam ao longo da trama. Moses, com sua lealdade e profundidade emocional, oferece alguns dos melhores diálogos do jogo, enquanto Vinh surpreende por ser mais "pé no chão" do que aparenta inicialmente. Cada um dos novos personagens tem uma história própria que os torna interessantes, mesmo que alguns, como Reggie, recebam menos atenção do que mereciam.
Apesar disso, uma das maiores críticas a Double Exposure está em sua mudança de foco. Enquanto o primeiro Life is Strange abordava questões sociais sensíveis como suicídio, bullying e as consequências das escolhas pessoais, este novo título parece dar mais ênfase aos poderes de Max e como eles podem alterar a realidade.
Ainda que temas difíceis, como o suicídio, sejam mencionados, eles não recebem a mesma profundidade e sensibilidade de antes. Isso pode deixar os jogadores mais ligados à veia emocional do primeiro jogo com uma sensação de vazio.
Mecânicas de Jogo: Entre Dois Mundos
Life is Strange: Double Exposure continua a tradição da série de focar em exploração e escolhas narrativas, mas com algumas novidades. A principal delas é a habilidade de "Shift", que permite a Max alternar entre duas realidades, conforme falei acima. Essa habilidade traz novas formas de resolver enigmas, o que garante momentos divertidos e criativos, como a investigação de Max ao longo do campus.
Além disso, o foco em fotografia foi expandido. Agora, Max pode usar câmeras Polaroid e explorar técnicas como a dupla exposição, onde é possível sobrepor duas fotos. Essa mudança na forma de tirar fotos não é apenas uma escolha artística, e algumas dessas imagens acabam afetando o desenrolar da trama.
Apesar da inovação na jogabilidade, o uso das habilidades de Max poderia ter sido mais explorado, deixando a sensação de que o potencial máximo não foi atingido, um sentimento frequente que nós, fãs da franquia, temos com este título.
Gráficos e Melhorias Técnicas
Em termos gráficos, Double Exposure apresenta uma evolução significativa em relação aos títulos anteriores da série. O estilo artístico característico, com uma estética "pintada à mão", retorna, mas com uma maior atenção aos detalhes e animações mais suaves, o que particularmente me impressionou positivamente, pois acreditava que o jogo se pareceria mais com as versões Remastered da série, o que felizmente não aconteceu. As transições entre as duas realidades são fluidas e bem feitas.
Ainda assim, o jogo não está isento de falhas. Tive alguns problemas de desempenho, como algumas quedas de frame rate e pequenos bugs visuais, especialmente em transições mais complexas entre as realidades, mesmo jogando com uma RTX 4060. Além disso, notei problemas com a mixagem do som, especialmente da voz da Max, que soa "estourada" em diversos momentos. Com o passar dos capítulos 1 e 2, entretanto, notei que a quantidade de bugs foi praticamente 0.
Apesar disso, os gráficos são belíssimos, com expressões faciais detalhadas e cenários que mesclam um estilo visual cartunesco com um toque mais realista, o que no geral, me agradou muito.
Trilha Sonora e Som
Embora nenhuma faixa seja tão memorável quanto "Spanish Sahara" do primeiro jogo, a trilha sonora é, mais uma vez, um ponto alto. Repleta de músicas indie que complementam perfeitamente o tom melancólico e reflexivo da narrativa e artistas independentes se misturam a composições originais, criando uma atmosfera digna da franquia.
O design de som também se destaca. Pequenos detalhes, como os sons ambientes das diferentes realidades, ajudam a imergir o jogador nas duas versões do mundo de Max. A cinematografia do jogo, extremamente característica da série, também impressiona, com as famosas tomadas que lembram filmes durante os momentos de reflexão da persongaem.
Inovações e Adições
Um elemento tradicional da franquia é o diário de Max, que mais uma vez desempenha um papel central na narrativa. Desta vez, ele vem com ilustrações mais vivas e detalhadas, e sua abordagem muda conforme a escolha do jogador sobre o desfecho do relacionamento entre Max e Chloe.
Além disso, o celular ganha destaque, permitindo que o jogador se conecte aos personagens por meio de mensagens de texto e uma rede social fictícia, semelhante ao Instagram. Essa rede social permite acompanhar postagens importantes de amigos e professores, refletindo mudanças sutis entre as duas realidades e ajudando o jogador a perceber o impacto de suas decisões.
Além das novas mecânicas de jogabilidade e da expansão do uso da fotografia, o menu do jogo foi reformulado para oferecer mais opções de personalização. Max pode agora alterar suas roupas e acessórios, o que, embora seja uma adição estética, tornou a gameplay muito mais interessante e imersiva para mim. Sim, sou amante de personalização de roupinhas em todos os jogos.
Afinal, vale a pena?
Life is Strange: Double Exposure é um bom jogo, especialmente para quem é fã da franquia. Ele traz Max de volta com gráficos impressionantes e uma jogabilidade criativa, mas peca ao tentar se reinventar com uma abordagem mais focada em superpoderes e menos em histórias emocionantes e humanas. Quem busca a profundidade emocional do primeiro jogo pode se decepcionar, mas aqueles que estão abertos a uma nova proposta podem encontrar diversão na nova aventura de Max.
O ritmo, que nos primeiros três episódios mantém o jogador envolvido com a nova mecânica e ambientação, começa a desandar a partir do quarto capítulo. A trama, que inicialmente caminha para uma narrativa sólida e emocional, tropeça em algumas reviravoltas desnecessárias e acaba parecendo mais um filme de super-heróis onde Max é a estrela.
Por outro lado, as escolhas feitas por mim não afetam apenas uma linha do tempo, mas ambas, o que adiciona peso extra às decisões. O final do jogo também prepara o terreno para uma possível sequência, deixando várias perguntas sem resposta, o que pode ser um ponto de frustração para quem espera uma conclusão mais fechada.
Se você é saudosista e espera reviver o impacto emocional do primeiro jogo, talvez precise baixar um pouco suas expectativas. Double Exposure é uma sequência que traça seu próprio caminho, com uma trama envolvente, mas que carece do mesmo impacto emocional que fez Life is Strange ser tão memorável. Embora não atinja todas as expectativas, Double Exposure ainda é uma jornada que vale a pena ser vivida.