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Capcom Fighting Collection 2: A coletânea definitiva para quem viveu a era de ouro dos fliperamas

Review da Capcom Fighting Collection 2: clássicos da luta em um pacotão nostálgico com acertos, exageros e algumas relíquias questionáveis

Capcom Fighting Collection 2 review

há 20 horas

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Em 2022, a primeira Capcom Fighting Collection chegou com uma missão clara: resgatar tesouros esquecidos do acervo de luta da empresa, como Darkstalkers e Red Earth. Embora fosse um compilado carinhoso, ele parecia mais voltado a curiosos e entusiastas hardcore. Agora, com a Capcom Fighting Collection 2, o jogo vira de vez. A seleção está mais robusta, e quem cresceu com um controle de Dreamcast na mão vai se sentir em casa. A nova coletânea está longe de ser perfeita, mas tem alma, história e pancadaria de sobra.

Enquanto a primeira coleção mirava nos títulos mais estilizados e "lado B" da Capcom, a segunda traz mais peso. Aqui, encontramos os grandes crossovers com a SNK, títulos que definiram o Dreamcast e até mesmo algumas pérolas esquecidas. Há espaço tanto para a glória quanto para a vergonha alheia, e isso faz parte do charme.

Capcom Fighting Collection 2 | Reprodução/Capcom
Capcom Fighting Collection 2 | Reprodução/Capcom

Uma curadoria para quem viveu (ou quer entender) os anos 2000

A grande diferença desta segunda coletânea é a escolha dos jogos. Aqui, a Capcom foi certeira ao incluir títulos que, mesmo com seus altos e baixos, marcaram época ou ao menos carregam um DNA importante da era Dreamcast e da transição dos fliperamas para os consoles. São oito jogos:

  • Capcom vs. SNK: Millennium Fight 2000 Pro
  • Capcom vs. SNK 2: Mark of the Millennium 2001
  • Power Stone
  • Power Stone 2
  • Plasma Sword: Nightmare of Bilstein
  • Project Justice
  • Capcom Fighting Evolution
  • Street Fighter Alpha 3 Upper

A presença de Capcom vs. SNK e Power Stone já justificaria o pacote. Mas até os jogos menos celebrados são bem-vindos, pois mostram a ousadia (e até as derrapadas) de uma Capcom que experimentava e arriscava, uma Capcom que muitos de nós, aprendemos a amar.

Título por título: do brilho ao breu

Capcom vs. SNK: Millennium Fight 2000 Pro

Este foi um dos primeiros grandes crossovers entre as gigantes Capcom e SNK. Um sistema de "ratio" define o peso de cada personagem na equipe, limitando as combinações, mas criando uma estratégia interessante. Embora inferior à sua sequência, é um marco histórico.

Graficamente, o jogo ainda brilha pelo estilo 2D apurado, com sprites bem animados e efeitos de impacto marcantes. Foi uma declaração clara de que, sim, era possível unir universos tão distintos quanto Ryu e Terry Bogard num mesmo ringue.

Capcom vs. SNK 2: Mark of the Millennium 2001

Este é o motivo principal para muitos adquirirem a coletânea. Com 48 personagens, seis estilos de luta (grooves) e muita personalização, CvS2 é um dos maiores crossovers da história dos jogos de luta. Os visuais misturam sprites reciclados e novos, mas o conjunto funciona. O netcode com rollback deixa as partidas online muito agradáveis.

Apesar do desequilíbrio ocasional (quem lembra dos infames roll cancel?), o jogo ainda é um show à parte. O visual, a trilha sonora, incluindo hinos como "This is True Love Makin'", e o sistema de grooves oferecem uma profundidade que até hoje inspira discussões e torneios.

Power Stone

Um clássico absoluto do Dreamcast, Power Stone é um dos jogos de luta em arena mais divertidos que existem. A dinâmica de coletar pedras para se transformar e os cenários interativos garantem partidas caóticas e divertidíssimas. Gráficos vibrantes e jogabilidade acessível são seu forte.

Power Stone é, de muitas formas, o precursor de uma ideia que só anos depois o grande público entenderia com Super Smash Bros.: um jogo de luta descompromissado, feito para rir e se divertir no sofá com os amigos. Cada arena é uma caixinha de surpresas, e cada personagem, uma caricatura divertida e carismática.

Power Stone 2

A sequência expande tudo: mais jogadores, mais caos, mais objetos e estágios com armadilhas. É uma evolução natural que transforma a bagunça em algo ainda mais divertido. Um party game disfarçado de jogo de luta que merece sua atenção.

Além disso, Power Stone 2 tem uma vibe meio "animação japonesa dos anos 90", com batalhas frenéticas que lembram até mesmo Dragon Ball. O visual ainda segura bem, e é o tipo de jogo que te faz rir mesmo quando perde. Jogar com amigos transforma a experiência.

Plasma Sword: Nightmare of Bilstein

Talvez o mais obscuro do pacote, Plasma Sword é uma sequência de Star Gladiator com foco em lutas 3D. Tem boas ideias, como o sistema de Plasma Field e contra-ataques, mas graficamente já parecia datado em sua época. Ainda assim, é uma peça curiosa na história da Capcom.

E é aqui que entra o papel educativo da coletânea: permitir que jogadores de hoje conheçam projetos que tentaram algo novo. Mesmo sem o refinamento de SoulCalibur, Plasma Sword carrega uma aura experimental que merece ser revisitada. A trilha sonora e o design dos personagens têm um charme retrô que ainda conquista.

Project Justice

A sequência de Rival Schools, um dos jogos mais amados da Capcom. Aqui temos combates em 3 contra 3, com ataques combinados e cenários em 3D que remetem a jogos 2.5D. Além disso, o modo história é robusto, com escolhas que mudam o rumo dos acontecimentos. Um dos grandes destaques da coletânea.

Project Justice traz aquele clima de anime colegial, misturado com pancadaria e muito carisma. Os ataques de grupo são visualmente insanos e o enredo, embora clichê, é um charme à parte. Uma preciosidade para quem sente falta de jogos de luta com mais "personalidade".

Capcom Fighting Evolution

O ponto mais fraco da coletânea. Lá em 2004, quando os jogos de luta estavam em baixa, a Capcom lançou essa colcha de retalhos com personagens de diferentes jogos e estilos misturados. Não há coesão, faltam personagens queridos e o visual é genérico. Ainda assim, vale como curiosidade.

É aquele jogo que você joga uma vez, comenta com os amigos "nossa, lembra disso?" e provavelmente não volta mais. Mas sua inclusão faz sentido: a coletânea também serve pra lembrar que nem toda tentativa da Capcom foi um sucesso, e isso faz parte da narrativa.

Street Fighter Alpha 3 Upper

Uma versão mais completa do clássico Alpha 3, com personagens adicionais e ajustes finos. Apesar de já ter aparecido em outras coletâneas, sua inclusão aqui reforça a proposta da Capcom de manter sua história acessível. Continua sendo um dos melhores Street Fighters da era 2D.

Alpha 3 tem ritmo, identidade e um dos elencos mais variados da série. Quem curte a estética animada e os sistemas "ism" para variação de estilo vai se sentir em casa. Não é o maior destaque da coletânea, mas é uma adição de peso.

Qualidade de vida e estrutura familiar

Assim como nas coletâneas anteriores, temos um museu recheado de documentos de design, artes e músicas remasterizadas pela CAP-JAMS. É um prato cheio para quem ama explorar os bastidores. A galeria de trilhas é um show à parte. Mas falta um contexto mais guiado e explicativo: é como abrir uma pasta de arquivos sem saber por onde começar.

Capcom Fighting Collection 2 | Reprodução/Capcom
Capcom Fighting Collection 2 | Reprodução/Capcom

O suporte a multiplayer online com netcode rollback garante estabilidade e qualidade para as partidas, algo essencial quando falamos de jogos com execução precisa. Você consegue jogar contra o mundo inteiro ? só não contra outras plataformas. A ausência de cross-play continua sendo um vacilo.

A interface ainda peca na navegação. Menus confusos e decisões estranhas de usabilidade fazem com que, por vezes, a experiência pareça mais complicada do que deveria. Além disso, o sistema de save único para todos os jogos da coletânea limita o uso da funcionalidade.

Por outro lado, as opções de acessibilidade e os modos de treino com hitboxes são muito bem-vindos. Os filtros CRT também ganharam melhorias e dão aquele toque nostálgico de jogar em tubo.

Afinal, vale a pena?

Se você tem boas memórias com fliperamas, Dreamcast ou apenas quer conhecer um recorte valioso da história dos jogos de luta, Capcom Fighting Collection 2 é praticamente obrigatória. A ausência de cross-play e a inclusão de alguns títulos mais fracos podem pesar para alguns, mas é inegável que a curadoria foi feita com carinho.

Capcom Fighting Collection 2 | Reprodução/Capcom
Capcom Fighting Collection 2 | Reprodução/Capcom

Pontos positivos:

  • Excelente seleção de jogos
  • Netcode com rollback
  • Trilha remasterizada e material de bastidores
  • Preservação histórica com conteúdo extra

Pontos negativos:

  • Interface confusa
  • Ausência de cross-play
  • Navegação nos menus ainda truncada

Disponível para PC, PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch, Capcom Fighting Collection 2 é mais do que um compilado de jogos, essa coletânea é um documento histórico jogável. E mesmo os títulos menos populares têm seu lugar garantido como parte da trajetória da Capcom.

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